É Possível mudar a Data da Morte? Orixá Iku

Postado por: Ebomi at 08:55 1 Commentario
Tudo o que nasce um dia morre. Qualquer coisa, animal ou indivíduo, mais dias ou menos dias morrerá. Se pensarmos bem, veremos que a vida e a morte são faces da mesma moeda: a existência. No Candomblé e na Umbanda temos uma concepção bem diferente de como funciona a dinâmica da morte, contrariando muito nossa cultura e o que aprendemos desde de criança em que a morte simplesmente é predestinada a levar uma pessoa somente em uma data especifica, ou simplesmente não podendo ser evitada ou alterada, veremos no texto alguns conceitos da tão temida morte (Orixá Ikú).

A seguir poderemos notar a grande importância de uma orientação espiritual constante, pois a ninguém  está livre de ser surpreendido pelo destino (ser visitado pela Morte antes do tempo). Eu espero que o texto mude um pouco a concepção de forma que traga um melhor entendimento sobre o assunto entre: DESTINO - MORTE - TEMPO NA TERRA - E SE É POSSÍVEL ALTERAR OU EVITAR A MORTE DE ALGUMA FORMA EM SEU DESTINO.

LENDAS DE IKÚ - MORTE


Em nossa cultura ocidental em geral, ensinaram-nos a temer a morte, como se ela fosse a pior coisa que poderia nos acontecer. E, ainda desde criança, criaram em nossas mentes algumas imagens para esteriotipar a morte como a figura de alguém vestido com uma túnica longa, usando um capuz cobrindo não somente a cabeça, mas, escondendo a face que nunca aparece, por estar sempre na penumbra formada por esse capuz; ou então, uma outra figura também de túnica longa, com o rosto de uma caveira, também com a cabeça encoberta por um capuz e segurando em suas mãos um grande cajado terminado em feitio de foice; isto, para enfatizar a função do “ceifador de vidas”, de quem ninguém jamais escapará.

Orixá Iku - A morte

A história Yorùbá como sabemos, é pródiga em pequenas lendas; para tudo ou quase tudo há sempre uma historinha explicando o porque daquilo. Como não poderia deixar de ser, Ikú (a Morte), também tem suas histórias interessantes. E uma delas conta que:
Ikú, era um jovem guerreiro, forte e muito bonito. Sua beleza era tamanha que impressionava tanto às mulheres quanto aos homens.

As mulheres encantavam-se tanto com sua bela figura que onde quer que o vissem, acompanhavam-no só para poderem continuar admirando aquela criatura tão encantadora. Não podiam desviar os olhos dele.

Os homens, embora tentassem disfarçar ou não quererem admitir que estavam encantados com a beleza do Orixá Ikú, também acabavam seguindo-o. Alguns do tipo machão, diziam que seguiam-no somente por curiosidade de saber quem era e onde morava.

Só que Ikú morava no Igbó-Ikú (Floresta dos Mortos ou Floresta da Morte), de onde quem quer que fosse até lá e entrasse, jamais sairia; nunca mais seria visto, pois fora para o Igbó-Ikú.
E todo o encanto e beleza de Ikú, tinham justamente o objetivo de chamar a atenção das pessoas e atraí-las, e que inadvertidamente seguiam-no e adentravam no Igbó-Ikú, o reino dos mortos, onde, evidentemente, o rei era o próprio Ikú e de onde não é permitido a ninguém retornar, uma vez ali adentrado.

Em outra história, Ikú está ligada ao mito da criação dos seres humanos. Conta a lenda que Olódùmarè, ao decidir criar o ser humano, designou essa incumbência Òòsààlà, que teve a necessidade de obter o material adequado para aquele propósito. Pensou e achou que o melhor material para moldar os seres humanos seria amòn (o barro) formado pela mistura de terra e água. Então, Oxalá que fora incumbido daquela tarefa por Olódùmarè, ordenou a Èsù o mensageiro, que fosse buscar um pouco de lama para que Ele pudesse executar sua tarefa.

Como era corrente e sabido por todos, não havia nada que Èsù não pudesse realizar, e a tarefa parecia super fácil para ele. Mas, ao chegar ao local, quando Èsù meteu a mão na lama arrancando-a, Ayé (a Terra) chorou porque estavam arrancando parte dela e ela sentia muita dor com aquilo. Embora Èsù tivesse fama de mau e implacável, ficou mortificado de pena de Ayé e deixou a lama para lá. Regressou a Òòsààlà e relatou o acontecido.

Osalá então chamou Ògún, este sim, guerreiro intrépido e destemido que em batalhas matava o inimigo até mesmo brincando, resolveria aquele pequeno problema. E lá se foi Ogum. Em lá chegando, quando ele retirou a lama para colocar em sua làbà (bolsa capanga), Ayé caiu em prantos lamentando-se. Ogun também ficou penalizado ora, Ayé não lhe fizera nada de mal e ele não estava zangado, e assim, não tinha ímpeto suficiente para feri-la. E também voltou a Òòsààlà para explicar o seu fracasso em cumprir sua missão.

Assim, um a um dos Orixá que foram incumbidos por Òòsààlà para aquela mesma missão, voltava com a mesma desculpa: ninguém foi capaz de tirar a lama de Ayé, cada qual com suas qualidades que o recomendava com a certeza do cumprimento da tarefa, mas, tudo em vão.

Foi aí que Oxalá chamou Ikú, deu-lhe a àpò (bolsa) e mandou-o para executar a tarefa que todos os demais Ìmolè tinham fracassado em cumprir. Então, Ikú ao chegar na terra começou a retirar a lama de Ayé, e ela chorou, mas, Ikú não se importou com o pranto dela e pegou toda a lama de que precisava e retornou a Òòsààlà com sua missão cumprida.

Então, após moldar os seres humanos, Oxalá plantou uma árvore para cada um, para que ela lhe suprisse o oxigênio e desse continuidade à respiração, iniciada pelo sopro divino de Olodumare pois, Olódùmarè o Criador Supremo, insuflou o seu hálito (èémí) para dar vida e mobilidade aos seres humanos. E disse a Ikú que, como fora ele quem retirara o material necessário para moldar os seres humanos, em qualquer época que se fizesse necessário, ele estaria também incumbido de levá-lo de volta para recolocar em seu lugar de origem, após a utilização daquele material. Por isso é, que quando chega a época da devolução daquela porção do material primordial, Ikú é quem vem buscar a pessoa para recolocá-la em seu lugar original.

Visto assim, do ponto de vista das lendas Yorùbá, Ikú (a Morte) não é aquela coisa tenebrosa que nos incutiram desde a mais tenra idade. Ikú, para os Yorùbá tradicionais é ao mesmo tempo, o fornecedor primordial e o restaurador da matéria retirada e fornecida por Ele próprio, sendo Ele assim o princípio e fim, o princípio e o fim e, e o princípio e o fim..., e assim sucessivamente, num eterno círculo, onde não há início nem final, que está sempre recomeçando.

Devemos estar cientes que temos sempre ter um acompanhamento através do jogo, para que a morte não nos pegue antes de nossa data determinada pelo Ser Supremo, às vezes a morte pode chegar até nós em conseqüência dos nossos atos.

José Beniste no Livro Òrun Àyé diz o seguinte:

“Embora a morte seja inevitável, e imprevisível, vimos que ela pode sofrer alterações através da intervenção de Òrúnmìlà ou de qualquer outro Orixá junto a a Olódùmarè, e isto é previsto em outro mito, quando Èsù consegue subornar o filho de Ikú, que revela o modo pelo qual Ikú matava com o uso de uma clava, a fonte indispensável de seu poder.

Sem essa clava, Ikú tornava-se impotente. Exú foi ajudado por Ajàpàá, a tartaruga, que conseguiu o que desejava, conforme o dito Ajàpàá gbé òrúkú l’owó Ikú – “A tartaruga tirou a clava das mãos de Ikú”.

Posteriormente, fez um pato com Orunmilá, com a condição dele ajuda-lo a recobrar a sua clava, em troca, Ikú só levaria aqueles que não se colocarem sob a proteção de Òrúnmìlà ou aqueles que estivessem com a data marcada para o fim de suas vidas na Terra”

Por isso é sempre bom que as pessoas façam uma acompanhamento de sua situação, pedindo ao seu Babalorixá (Pai de Santo) ou procurando um Bàbàláwo (Pai dono detentor dos segredos ou Sacerdote de Ifá) para saber se anda tudo em ordem.
A morte é vista como um agente natural criado pelo Ser Supremo, que atua em determinada fase da vida, Ìkú é um personagem masculino e sua lógica é voltada para as pessoas que dadas as certas condições devem viver até uma idade avançada.

Por isso quando vemos que uma pessoa mais nova falece, o fato é considerado uma tragédia e quando isto ocorre com uma pessoa idosa isso é ocasião para se alegrar.

Vamos citar agora dois Ìtàn do odú Òyèkú Méjì, onde um deles nos relata como a morte começou a matar depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado.


oloje iku ike obarainan

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O que é um assentamento de Orixá : Igbá

Postado por: Ebomi at 14:40 19 Comentarios
No texto a seguir falaremos o que é um assentamento de Orixá (IGBÁ) dentro do conceito da religião yoruba no caso o Candomblé. Igbás (Ibá) (awọn igbá) são assentamentos de orixá (òrìṣà). Um assentamento é uma representação do orixá (òrìṣà) no espaço físico, no mundo, no aìyé (terra). Sob o ponto de vista sacro não existem representações humanas de orixá (òrìṣà).

A religião Yorùbá não tem imagens para representar suas divindades, o que representa uma divindade é o seu Igbá (assentamento), ao olharmos um Igbá é como se estivéssemos olhando para a divindade. Secularmente existem representações em forma de desenhos e esculturas mas que são frutos apenas de criatividade de artistas e não tem uso sacro.

Significado de um Igbá : Assentamento dos Orixás

iba - igba - assentamento de santo - orixa - orixas candomble
Os orixá (awọn òrìṣà) são adequadamente representados por símbolos e grafismos próprios de cada um e por extensão por outros elementos como folhas, arvores, favas e contas. Mas o Igbá é a sua representação mais adequada.

Vale refazer a afirmação, já explicada em outro material, de que o orixá (òrìṣà) não são elementos da natureza, assim “olhar” o vento não significa olhar para oya, olhar uma pedra não significa olhar para Xango (ṣàngó), olhar para o mar não significa olhar para yemoja, etc..

O mesmo sentimento que um católico tem ao olhar para uma imagem de um santo em sua igreja e altar, o povo de santo tem ao olhar para um igbá. É muito comum as pessoas, nos seus quartos de santo, “vestirem” seus Igbá com suas roupas de orixá (òrìṣà) como se fosse o próprio orixá). Contudo, igbá são de acesso muito restrito, de uso exclusivamente sacro e ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos.

IBÁ DE ORIXÁ - MULHER

Dessa maneira, cada Igbá representa uma divindade através de um continente (Vaso, invólucro, recipiente) e seu conteúdo, e esse conjunto, continente e conteúdo é específico de cada divindade. Esses continentes podem ser de porcelana (substituindo cabaças), barro ou madeira e serão empregados distintamente para cada divindade que ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias e alguidares.

O iniciado no seu processo de feitura (que é distinto de uma iniciação mas muitas vezes essas expressões se confundem) poderá receber um ou vários Igbá, dependendo do seu status na religião e da própria tradição da casa em conduzir este ritual.

Mas o igbá não é o orixá (O que é Orixá? ) no aìyé. Essa religião não coloca um orixá dentro de uma sopeira, não é uma religião animista. O igbá representa apenas a ligação entre os 2 espaços, o espaço físico aìyé e o espaço espiritual o Orun (Ceú espiritual). É uma “ponte” entre os 2 espaços. Sua função não é trazer o orixá (òrìṣà) para o aìyé porque os orixá (òrìṣà) já estão presentes em nossa vida o tempo todo, não existe secularismo na religião. Sua função é completamente ritualística.

assentamento de Orixá

O igbá é, de fato, dentro de toda a religião Yorùbá (dicionário Yoruba) uma dos elementos mais importantes e significativos por traduzir a contínua relação entre o Orun (ọ̀run) e o aìyé. Ele representa o reconhecimento da existência do espaço espiritual, o Orun (ọ̀run), e a ligação perene que existe entre os 2 espaços (ọ̀run-aìyé) na forma de um contínuo duplamente alimentado e da circulação, transformação e reposição de axé (O que é axé?). Dessa maneira o seu valor não esta somente na sua existência como instrumento ritualístico, como foi ressaltado no início, mas também no que ele representa.

Toda religião tem símbolos e simbolismos. Uma cruz para os católicos representa muito também: todo o significado da paixão e do sacrifício de Jesus. Assim esse símbolo traduz em sí muito mais do que somente a lembrança da crucificação de Jesus e sim um todo da sua doutrina, poderíamos falar muito apenas olhando para uma cruz. O mesmo vale para um Igbá. Nada é mais sagrado por sí só pelo seu uso e nada pode traduzir tanto da doutrina que cobre a religião Yorùbá como o entendimento da sua função.

assentamento de orixá no candomblé - igba

O Igbá é uma manifestação de Fé, e por isso um reconhecimento de nossa Fé na religião. De acordo com a metafísica Yorùbá, para tudo que existe no aìyé existe um duplo no Orun (ọ̀run). O Igbá é um elemento de ligação entre essas 2 porções e um instrumento de concentração de energia. É usado para nos ligarmos às divindades, liga o físico à dimensão espiritual, a dimensão aìyé à dimensão Orun (espaço espiritual).

O objetivo de um Igbá é potencializar a ligação Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) sendo o instrumento que no aìyé representa o duplo do Orun (ọ̀run). O Igbá esta vinculado diretamente à uma pessoa no aìyé mas não a representa e sim ao duplo do Orun (Ceú). Como já foi dito ele não armazena um orixá (òrìṣà), ele não é uma lâmpada mágica que esfregamos para dali sair um orixá. Ele é a ponte de ligação direta entre o aìyé e o Orun (ọ̀run) entre o iniciado no aìyé e suas energias e divindades no Orun (ọ̀run).

Um dos principais usos que se dá a ele é receber os Ebós (significado de Ebó), que são sacrifícios de todo o tipo, entendendo que o sentido de sacrifício na religião não envolve o uso de sangue em sí. Um sacrifício por ser qualquer oferenda que vai se converter em axé (àṣẹ). Um Obi é um sacrificio (A lenda do Obi), um Acaça é um sacrifício e pode substituir um boi.

Esse aspecto de participar ativamente de Ebós (ẹbọ) é uma finalidade muito importante, mas não imprescindível. Não se precisa de uma Igbá para fazer uma oferenda, mas, todo sacerdote (Babalorixá/Yalorixá) tem e usa os seus para isso. Isso tem todo o sentido, sendo o Igbá um elemento de ligação ou de potencialização dessa ligação como esta sendo dito realizar isso junto a eles é fazer esse instrumento funcionar.

Em outro material esta muito bem explicado essa questão do Ebós (ẹbọ) mas é importante lembrar que um Ebós (ẹbọ), uma oferenda é um parte de um processo de transmissão e reposição de axé (àṣẹ) e os elementos utilizados são transmutados em energia, em axé (àṣẹ).
Dessa maneira ao se fazer isso através de um Igbá esta se fazendo chegar ao duplo do Orun (ọ̀run) referenciado por aquele Igbá a transmutação da energia dos elementos afins a ele que foram usados no sacrifício.

O ponto que esta sendo ressaltado é que o Igbá em um Ebó (ẹbọ) é o instrumento que direciona, potencializa e agiliza a este ase chegar ao Orun (ọ̀run). O Igbá não é um instrumento para “alimentar” o iniciado no aìyé (o feito de Orixá/ Elegun). O Igbá pode ser coletivo ou individual. Quando coletiva chama-se Ajobó (ajọbọ) e liga uma comunidade a sua comunidade espiritual, ao coletivo que ela representa e a divindade que a protege. Quando individual liga a pessoa ao seu reflexo no Orun.

Do que é feito um Igbá de Orixá?


O Igbá é feito usando materiais que estão ligados à divindade que ele representa. Assim o material e o seu conteúdo ajudam a estabelecer a relação, devendo ser utilizados sempre elementos completamente afins com a divindade e que traduzem a matéria original do Orun (ọ̀run). Conhecer essas relações e afinidades é parte do aprendizado de um iniciado durante sua vida e somente aqueles que as conhecem terão verdadeiro sucesso no seu trabalho ritualístico.

O principal elemento dentro de um Igbá é a pedra, o okuta. Acima de todos os demais componentes ela receberá todo o trabalho ritual de preparação e por essa razão muitos dizem que é a única coisa importante, todo o demais é apenas decorativo. O pedra para os Yorùbá significa a longevidade a existência perene.

Os demais elementos fazem parte do enredo do orixá de maneira que não são apenas decorativos. Entretanto muitos itens que são colocados em um igbá pode ser meramente decorativos.
Os demais elementos em um Igbá variam entre metais, favas, folhas e outros materiais que remetem ao orixá (Orisha) original. O elemento escolhido para o continente do Igbá também terá relação direta com ele. Tudo dentro de um Igbá é feito para traduzir a matéria original do Orun que foi materializada no aìyé através do iniciado ou da comunidade que o Igbá representará.

A escolha de cada elemento depende de para quem será feita a ligação. Cada orixá (òrìṣà) tem os seus elementos correspondentes no aìyé. Adornos e enfeites exteriores que apenas agradam ao ego de quem faz não ajudam nisso. O importante são as folhas, as favas, os metais e outros elementos genéricos como os búzios. Entendo que moedas, muito presentes, deveriam ser representadas apenas pelos búzios, que eram dinheiro, mas muita gente coloca mais como um desejo de prosperidade do que um elemento de ligação de fato. O material do recipiente externo é escolhido entre algumas opções. A cabaça é substituída pela porcelana branca para os orixá (òrìṣà) fun fun, o barro e excepecionalmente a madeira para um orixá (òrìṣà) específico. As cores desses materiais e elementos decorativos vão compor esse conjunto de forma harmoniosa. Para os caso das cores existe muita criativade.

Os Yorùbá reconhecem apenas 3 cores, o branco, o vermelho e o preto. Todas as demais cores são elementos de uma dessas 2 famílias e as representam da mesma maneira. Assim o verde e o azul são elementos da cor preta. O amarelo do vermelho e por assim vai.Todo Igbá individualizado é composto de um recipiente com tampa (continente) contendo a pedra, okuta, o núcleo do Igbá e os demais elementos com água, óleos e outros elementos líquidos. O igbá sem tampa são usados em assentos coletivos, não individualizados, eventualmente casas e axé (àṣẹ) podem fazer variações disso.

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Sigidi - Xiguidi ou Sugudu – O deus ou demonio do Pesadelo

Postado por: Ebomi at 11:41 1 Commentario
Sigidi, Xiguidi ou Sugudu é divinizado como o pesadelo, é uma entidade (EXÚ), um ser pouco conhecido no Brasil (Na Umbanda ou Candomblé), mas tem seu culto dentro da cultura a Orunmilá (IFÁ). O nome parece significar "algo curto e vultoso", e o Deus, ou Demônio, e é representado por uma cabeça larga e curta, feita de barro,ou, mais geralmente, por um cone grosso, cegado de barro que é ornamentado com búzios e é indubitavelmente o deus que mexe com a cabeça das pessoas. Sigidi é um deus mau, e permite o homem satisfazer o seu ódio em segredo e sem risco para ele.

sigidi - xiguidi - chiguidi - ifá - culto - deus do pesadelo - umbanda - candomble - orunmila

Quando um homem deseja se vingar de outro ele oferece um sacrifício a Xiguidi que, logo após a noite chegar, vai para a casa da pessoa indicada e o mata. O modo de ele proceder é se agachar no peito da vítima dele e "apertar fora à respiração dele" mas, acontece frequentemente que a divindade tutelar do sofredor venha em seu auxílio e o expulsa e a vítima desperta, caindo no chão, e Sigidi desaparece, porque ele só tem poder em cima de uma pessoa durante o sono.

Esta superstição ainda existe entre os negros das Bahamas adquirida dos Yorubas e acreditam que os pesadelos são causados por um demônio que abaixa no peito da pessoa que dorme. A palavra pesadelo é oriunda de uma convicção semelhante assimilada por nós vinda dos Anglo-saxões que acreditam que os duendes teriam esse poder.

SIGIDISigidi ou Sugudu é divinizado como o pesadelo. O nome parece significar algo curto evultoso e o deus ou demônio e é representado por uma

A pessoa atacada por Sigidi, tem que permanecer acordada até o seu deus protetor negociar com Sigidi e dar autorização para adormecer, pois, se ele dormir antes da negociação se concluir, Sigidi vai atrás dele novamente e a missão falharia. Chiguidi viaja no vento, ou aumenta os ventos para flutuar;

O primeiro sintoma que a pessoa tem quando é atacada por Sigidi, é um sentimento de calor e opressão na boca do estômago, como se tivesse comido arroz quente, fervido, disse um nativo. Se um homem experimenta isto quando ele está dormindo, faz-se necessário a ele buscar a proteção do deus que lhe serve normalmente. Podem ser colocadas casas e cidades debaixo da tutela de Sigidi.


Para conseguir sua proteção, tem que se fazer um buraco cavado na terra e uma ave, ovelha é morta, de forma que sangue caia no buraco e o animal seja enterrado ali. Um montículo curto, cônico de terra vermelha é construído logo em cima da mancha, e um pires é colocou em cima para que sejam recebidos sacrifícios ocasionais.

Quando um local foi colocado debaixo da proteção de Sigidi,ele mata, da maneira típica dele, os que prejudicam as casas ou a cidade com intenções ruins.




Cantigas do Orixá Exú - Candomblé Ketu


fonte: Obarainan Oloje

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Os Cargos dentro do Candomblé: Oye – Deka – Ekedi e Ogan

Postado por: Ebomi at 20:33 14 Comentarios
Oye ou Deka é uma posição sacerdotal nos candomblés de nação, pessoas são escolhidas para exercer determinadas funções para o bom andamento da casa religiosa. Aqueles que possuem OYE são chamados " oloye masculino " e " ajoye feminino".

Essas pessoas serão adoxu ou não , recebem o cargo na confirmação ou em sua iniciação de acordo com sua capacidade. Essas pessoas não adoxu são os verdadeiros Ogan e Ekedi que nascem com os sete anos como reza a tradição, há casas que raspam para esses cargos, porém, esses iniciados não possuem status dos antigos e devem contar seu tempo de iniciação tal qual um iyawo, portanto não é de bom senso raspar e sim confirmar, afirmar que não existe Ogans e ekedis para divindades como Caboclos, Baianos, Exus, Pomba Giras, Boiadeiros, Preto Velho, etc.

Oye - cargo - deca - posto dentro de uma casa de santo

Todos oye (cargo) são para os òrìsà.


Os títulos do Candomblé keto correspondem, sobretudo à estrutura da casa com seus fundamentos, por exemplo: o àtà - culmiera, ise (axé opa) - ilê Omolu e família, ibo, etc.
A palavra oloye significa Ol = aquele que possui, oye um titulo e ajoye também, as ekedjis são chamadas assim nas casas grandes ou ìyákoroba.

A palavra oloye segundo mãe Stella do Afonjá pode ser traduzido como conselheiro, que está registrado em seu ultimo ensaio Meu Tempo é Agora.
Observe agora alguns ipò e oye das casas antigas e de algumas casas novas sérias atuais que respeitam a tradição afro-brasileira:

Confirmação de Ekeji - ekedi de Orixá - candomblé

Iyalorixá ou iYalaxé:

Possui as mesmas funções sendo que a segunda responde na ausência da primeira, quando há as duas na casa, geralmente a ìyálàxè torna - se a segunda. Com o falecimento da ìyálòrìxà ela é pretendente a assumir seu lugar, e se for o caso receberia a mesma cuia da falecida. Esse oye só recebe-se no odun meje, ou seja, nos sete anos, é uma posição de adosu e não de alguém confirmado/a ou uma ekedji.

Ajibona: Mãe criadeira, escolhida pela ìyálòrìsà para criar ìyáwò.
Posteriormente esse filho fica responsável em zelar pelo òrìsà de sua mãe criadeira quando este se manifesta. No culto lesse Orumila chama-se ojubona e é um cago masculino cuja função é ensinar o futuro Omo -Ifa.

Ìyá Egbe: Mãe da comunidade tem as mesmas responsabilidades da ìyá kékeré Ilè, ou seja, da mãe pequena da casa. Geralmente são escolhidas entre as egbomi mais antigas da casa e são até mais antigas do que a própria ìyálòrìsà devido à antiguidade da casa. Lembrando que òrìsà não tem idade é inexistente, quem tem idade são as pessoas.

Ìyàmorò: Aquela que dança com a cuia no ritual do Ipade.
Casas sem ibós, sem arvores, não devem possuir esse oye, sobretudo as que não rodam Ipade. Não existe ìyámorò de Ogún, Osòósí, Oyá, etc.
As Iyamoro cuidam dos Esa (falecidos iniciados na casa com postos) e Ìyámi Osoronga. Ìyá: Mãe. Um: Que pega. Oro: Obrigação.
Oye só recebido nos sete anos.

Ìyádagan : Auxiliar direta da ìyámorò. Não existe Dagan para o orisa é desnecessário explicar. É oye dado aos sete anos também.

Ajiumida : Posto do culto de Oyá. A= aquela Ji = que acorda um = pega = ida = a Cargos Ipos e oyes da nação ketu e subdivisões nagôs:

Ogan ( Ogá em ioruba), protetores civis do terreiro antigamente, hoje passa a exercer funções religiosas também. Entre os Ogans destacamos certas funções importantes e de mando dentro do terreiro, juntos com os sacerdotes (as) eles administram os terreiros.

Confirmação de Ogan  saindo com orixá - axogun saida de santo - candomblé ketu - angola- gegê

- Alagbe : Chefe da comunidade (morada), o onilu é o escolhido para tocar o atabaque denominado run, possui seu otun Alagbe e seu Osi alagbe que tocam os outros atabaques e cantam os candomblés.

- Pejigan
: Zeladores do peji e responsáveis pelo ilê òrìsà. Posto da etnia ketu e não jeje como se equivocam alguns desinformados.

- Axogun
: Sacrifica os animais de quatro pés (eranko) a priori, e os outros também quando não há na casa seu otun e seu osi responsáveis para isso.
Posto proveniente do culto de Ogún na África e sua comunidade, portanto não é de bom senso haver Asoguns de outros òrìsà e sim somente filho de Ogún é fato a condição de supremacia que esse orisa possui sobre os obés sendo ele mesmo olobé, ou seja, o dono da faca e louvado antes de qualquer sacrifício para quem procede corretamente.

- Olobé
: Que vem a ser um epíteto de Esu é comum chamar Adébo a esse oye, possui as mesmas determinações se for feito os atos referentes a Esu dessa condição sacerdotal.

- Sarapegbe
: Era quem transmitia as decisões da comunidade, comunicando entre os terreiros, as festas e obrigações que seriam realizadas. Fazia os convites. Sara= o que corre, pé= e comunica, egbe = as coisas da comunidade, geralmente esse posto era dado aos filhos de Ogún. Hoje esta esquecida, sobretudo nas grandes cidades.

- Apeja
: Esquecido no Brasil por não haver sacrifícios de cães selvagens como na África.

- Elemaso (Elemaxó):
Oye referente à casa de Osalá, é um titulo do próprio Osalá como conta seu mito, há oye no culto para situações que envolvem seu culto como o de baba mi oro, faz-se necessário que o titulares sejam de Osalá.
Suas atuações não se limitam apenas a cerimônia do pilão como muita gente pensa.

- Akirijebó
: Pessoas que freqüentam varias casas e não se fixam em nenhuma antigamente eram chamadas de akirijebó, também é um oye da maior importância relacionado a entregas de ebós em locais determinados.

- Eperin
: Posto dado aos filhos do orisa Osòósí, (determinado Osòósí) e refere-se ao seu culto especifico nas casas antigas de candomblé.

- Ojú Oba
: Posto dado às pessoas de Sàngó, seu representante maior foi nosso saudoso Pierre Fatumbi Verger que tinha esse Oye no Àsè do Opo Afonjá. Ë necessário que a casa pertença a Sàngó até mesmo para formar os outros Oye referentes à situação da casa, como mogba, maye, etc.

- Oju Ilê
: O grande anfitrião da religião, sobretudo nas festas onde ficam encarregados de receber os visitantes e acomoda-los, quando se faz necessário ele ajuda em tudo dentro da casa na ausência dos outros Oye.
O oye de Iya Efun : É dado às pessoas de Osala e não muito longe para as de Iemanjá.

O posto de Dagan: É dadas às pessoas filhas de Oyá independente de ser mulher ou homen, como explicou para mim, o Ogan Agba Gilberto.
Há um outro posto relacionado ao ritual de Ipade chamado de Agaba Injena e para finalizar vamos esclarecer o posto de Ekeji (lê-se Ekedi).

Ekeji nada mais é que um numeral e significa, portanto segundo/a, ela auxilia a todos e na ausência das outras ajoiyes ela assume, algumas se destacam e são chamadas carinhosamente de mães, não só pelo filho do orisa que a suspendeu como por toda a comunidade.

As ekeji são confirmadas para casa de axé ou para o orisa que a suspendeu e se for o caso dela ser ekedi do Orixá do sacerdote, ele não poderá por a mão e sim seu zelador, não pode o Orixá confirmar ou raspar ninguém, o Orisa não vem para o aye para isso é desnecessário explicar um assunto tão falado já .

As Ekedi podem ser: Iyalaso: Cuida das roupas, Iyale, mãe da casa, auxiliar direta da Iyalorisa e Iya Kekere, Dejó (Dere em jeje), as mais antigas, Ekedi é o Ipo (cargo), depois vem o Oye específico as condições de cada uma.

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