Como Entrar o Ano de 2014 bem com ajuda dos Orixas

Postado por: Ebomi at 19:58 0 Comentários
Esse trabalho é para você que está pensando o que deve fazer ou oferecer na hora da virada para ter a ajuda dos Orixas e conquistar uma boa sorte para o lado espiritual, e com isso estar de bem para as conquistas materiais, é claro que também serve para agradecimento ao orixá por tudo que você conseguiu em 2013 e quer consquistar em 2014.

A comida irá ser oferecida ao término na praia (no dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro) para entrar o ano com pé direito, então pensando em meus irmãos e seguidores do site “JUNTOS NO CANDOMBLÉ” eu separei um Adimú (comida, oferenda) para agradar Yemanjá e obter sua proteção, boa sorte, progresso, saúde, caminhos abertos em todos os aspectos nessa passagem de novo ano de 2013 para o ano novo  2014.


Oferenda na praia no ano novo - Yemanjá

Eu irei colocar vários trabalhos e simpatias que poderão ser oferecidos na praia, em casa, na rua para você não deixar de começar o ano com todo positivo que os orixás pode lhe dar.  Confira como você prepara essa oferenda.

Ingredientes e para o trabalho de virada de ano:

Descasca-se sete cebolas brancas e frita-se, ligeiramente, em azeite de amêndoas. Depois de bem douradas as cebolas, abre-se nelas, com uma faquinha, um buraco onde se introduz um papel com o pedido que se deseja obter e um grãozinho de ataré. Coloca-se as cebolas num prato branco e se acrescenta, sobre elas, os seguintes ingredientes:

Mel de abelhas;
melado de cana;
um pouco de vinho branco;
um pouco de vinho tinto suave e bastante milho torrado.

MODO DE PREPARO PARA OFERENDA DE YEMANJÁ

Deixa-se, durante sete dias, diante do igbá do Orixá (assentamento), e caso não tenha coloque em um lugar alto dentro de sua casa onde não ocorra brigas e confusões, e sempre com velas acesas (a de 7 dias eu aconselho). 

Você deve entregar “Despachar ou encaminhar” na beira da praia. 


Essa macumba não há restrições de religião “Candomblé ou Umbanda”, também não importa a Nação que você segue: Ketu, Angola, Gegê, Efon e Nagô.

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Como é diferente raspar o Santo na Africa: Candomblé

Postado por: Ebomi at 11:07 0 Comentários

Dando continuidade ao texto completo de como é raspar o santo na África “Feitura de Santo” finalizamos com o resto do texto sobre o culto de iniciação no culto Africano com o texto de uma pesquisa de Pierre Verger, então iremos ao  terceiro dia da iniciação (Ijéta ou Ijéfun), ijéta, é o dia de Ofun, quando o corpo do iniciado é marcado com traços de giz branco.

Nesse dia, realiza-se a primeira aparição em público dos Omo titun. Eles vão todos até o riacho, na floresta sagrada, levada por seus iniciadores. Sua atitude, de completa submissão, revela que eles passaram a um estado de crianças de tenra idade. Andam guiados, quase que colados atrás dos iniciadores, enrolados no mesmo pano branco, como criancinhas nas costas da mãe. Voltam para a igbó ikú, logo saindo novamente com a cabeça e o corpo enfeitados com riscos e pontos brancos traçados com giz (Ofun), sinal de respeito por Obatalá, criador dos seres humanos. Os omo titun dão três voltas pela praça, com passos incertos, e são levados de novo ao local de seu isolamento.

Candomble - Orixa_Yemanja_Orossi

Ijéje – O sétimo dia de iniciação


O sétimo dia, ijéje, é o dia do waj, no qual a cabeça dos m titun é pintada de azul-anil (aro), com acréscimo de desenhos feitos com osùn (ossum), um pó vermelho extraído da casca de uma árvore. O terceiro e o sétimo dia caem no dia semana iorubá dedicado a ifá.

Como é a Iniciação de Orixá na Africa “Parte 1”

Feitura de Santo na Africa – Parte 2

Ijétadogún


No décimo sétimo dia, ijétadogún, quinto dia dedicado a Xangô desde o começo iniciação, chega finalmente o momento em que o m titun torna-se um elégùn e passará a usar um novo nome. Esse dia é marcado por duas cerimônias: a da escolha do novo nome e a da reaprendizagem das atividades da vida diária.

Procura do Odu – Cabala


De manhã cedinho, cada um dos m titun é levado separadamente ao local consagrado a esse deus. O iniciado é sentado sobre um pano branco, de costas para o ojú àngó, e entre suas pernas estiradas coloca-se um odùn àrá, o mesmo que serviu para a sua consagração ao deus no dia de oròíe. Ìyá Xangó pergunta-lhe: “ Procuras o poder do orixá ou dinheiro ?” O candidato responde: “ É o poder do Orixa que eu quero” . Em suas mãos juntas, ele recebe da Ìyá Xangô dezesseis búzios, com os quais fará a adivinhação.

O omo titun esfrega os búzios nas mãos, com elas aponta para os quatro pontos cardeais, para o alto e para o chão, toca-se vezes na testa e joga-se sobre o pano, entre suas pernas. Ìyá Xango examina a posição dos búzios, contando os abertos e os fechados, e em voz alta anuncia o resultado, provocando
comentários dos espectadores.

Os búzios são lançados duas vezes para determinar o odù, ou o signo, que de agora em diante governará a vida do iniciado. Um deles obteve duas vezes o número 6, Obará, que designa Xangô, e foi felicitado por todos os presentes, pois, como veremos mais adiante, esse resultado deu-lhe um nome prestigioso.

Reaprendizagem das atividades da vida cotidiana


Graças à determinação do seu odù, os iniciados encontram uma identidade, uma personalidade, mas falta-lhes ainda reaprender os gestos e as atividades da vida cotidiana. Eles são considerados como tendo esquecido tudo de sua vida anterior, a que precedeu os dezessete dias passados na igbó ikú, a
“ floresta da morte” .
Candomblé na Bahia - Orixa

Os dezoito iniciados são divididos em dois grupos: rapazes e moças. Os primeiros, cercados por seus instrutores, imitam a partida para o campo, com uma enxada no ombro e um cesta na cabeça. Fazem gestos de cultivar a terra, de semear o milho ou subir no tronco de uma árvore para cortar cachos de
dendê. Aos primeiros golpes de facão dados caroços de dendê e grita com uma falsa admiração: “Ah! Que belo cacho acaba de tirar!” As moças fingem ir buscar água no riacho com uma cuia ou um pote na cabeça ou ir apanhar lenha no mato. Os dois grupos voltam ao terreiro ao mesmo tempo e simulam
ir ao mercado, vender e comprar; depois, à volta á casa para acender o fogo, cozinhar, etc.

Todos os gestos da vida reencontrada são executados em uma atmosfera de humor e de alegre descontração depois do longo período de recolhimento, de resignação e de langor passado na igbó ikú. Aproxima-se o fim da iniciação. Colocam-se esteiras no chão, diante do local consagrado a Xangô. Os novos adóù estão sentados entre as pernas estiradas de seus iniciadores, postados atrás deles.

A Ìyá Xangó pronuncia um longo discurso, meio sério engraçado, e faz uma série de recomendações. Associando o gesto à palavra, esbarra o pé em um iniciado sentado à sua frente, puxa-lhe a orelha, toca-lhe a testa declarando: “ Se alguém te der um pontapé, te puxar as orelhas ou te der pancadas na
testa, por descuido ou acidente, não precisas dizer nada, mas se exagerar e o fizer de propósito, é preciso que te vingues”.

como é o candomblé na africa

Em seguida, ela diz: “ Se alguém à noite passasse com uma lâmpada acesa atrás de ti...” . Essa possibilidade sugerida pela Ìyá Shangó teria como conseqüência deixar que o iniciado visse sua sombra (òjìjì), que abriga seu èmi que é, ao mesmo tempo, seu sopro, sua alma, seu espírito e seu princípio vital; isso constituiria um ato repreensível, feito com intenções hostis. Uma das iniciadoras gritou horrorizada quando ouviu evocar um tal sacrilégio e rolou pelo chão, arrastando consigo, por contágio, todos os outros adóù e seus iniciadores. Depois dessa cena de confusão, eles foram levantados e sentados novamente. Todos eles, inclusive os iniciadores, tinham o ar entorpecido que acompanha os transes de possessão.

Passada essa grande comoção, realizaram-se casamentos simulados. Meninos e meninas foram escolhidos, entre os assistentes, para desempenhar o papel de marido ou de mulher aos adóù. As pernas de cada casal foram cruzadas em sinal de união e novas recomendações foram feitas: “ Uma mulher pertencente ao culto de xangô pode ter relações com um homem que não segue o mesmo culto, mas não com um homem que faça parte do gbé Sangó” , e a iniciadora enumerou assim uma série de obrigações e de proibições que decorriam de sua admissão ao culto do deus. Em seguida, ela ensina aos “ recém-casados” a cuidarem um do outro oferecendo-se mutuamente de comer.

A Ìyá Shango comunicou depois a cada um dos novos elégùn o nome que usaria a partir daquele momento. O que achara por duas vezes o sinal de Òbàrà recebeu o nome de Obàdiméjì, ou seja, “ o rei torna-se dois, ele é duplo, ele é rei de dia e ele é rei de noite” . Este nome glorioso foi recebido com o aplauso dos presentes.

A partir daquele momento, pronunciar o antigo nome dos iniciados tornar-se-ia um ato sacrílego, que consistiria em chamar um vivo pelo nome de um morto e, assim, implicitamente, desejar-lhe a morte. Para terminar a descrição das cerimônias de iniciação na África, chamamos a atenção para as
cerimônias de ressurreição dos futuros, sacerdotes do vodun fon Sapata-Ainon, correspondente à Xànpònná - Obalúayé dos iorubás.

Embora observada em Abomey, em pleno território fon no ex-Daomé, essa cerimônia permanece ligada ao grupo de pessoas que falam o iorubá, pois os futuros sapatasi usam. Durante todo o período de iniciação, o nome de ànàgónu (“ os nagôs” ), e a língua por eles falada durante todo o período de sua reclusão é o iorubá arcaico, ainda falado pelos aná, também chamados ifè, estabelecidos na região de Atakpamê, no Togo. Essa cerimônia, da qual já publicamos as fotografias em outras obras, marca a ruptura do noviço com seu passado, através de morte simbólica, e seu nascimento para uma nova vida consagrada a Sapata.

Uma ou duas semanas durante uma sessão de danças e cantos diante do templo de Sapata, os futuros sapatasi caíram no chão, com o corpo retesado, como em estado de catalepsia, morto, como se diz, pelo vodun Sapata. Os corpos foram logo cobertos com panos e levados para o interior do templo. As
cerimônias de ressurreição realizavam-se no próprio local onde os noviços caíram. Um público numeroso estava reunido e os tocadores de atabaque estavam instalados no centro do terreiro sob uma árvore frondosa.

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Aproximadamente às quatro horas da tarde, o sapatanon, “ o grande sacerdote de Sapata” , e três dignitários do templo vieram desenhar no chão um grande retângulo, derramando, sucessivamente cada um deles, rastros: amarelo, de farinha de milho misturada com azeite-de-dendê (veve); branco, de farinha de milho; preto, de pó de carvão vegetal; e, por fim, milho e feijão misturados. Uma esteira de manchas negras, vermelhas e brancas foi trazida e estendida acima dos sacerdotes que realizavam um sacrifício de substituição, oferecendo galos a terra para que ela concordasse em devolver a vida àqueles pelos quais se realizava a cerimônia.

Como é a Iniciação de Orixá na Africa “Parte 1”

Feitura de Santo na Africa – Parte 2

Depois de ter sido levantada e colocada sete vezes no chão, a esteira foi estendida no centro do espaço delimitado pelos traços coloridos. As jarras contendo infusão de folhas foram trazidas. Os “ cadáveres” também foram trazidos para fora do templo, um a um, enrolados em um pano, de cor verde e costurado como uma mortalha. O corpo foi deitado sobre a esteira, abundantemente borrifado com o líquido das jarras, e a mortalha foi enfim descosturada. Uma grande folha foi colocada sobre o rosto do noviço; o corpo apareceu, deitado do lado esquerdo, com a pele esverdeada pela tintura do pano desbotado. Alguns vermes mexiam-se sobre o corpo, mas alguns descrentes afirmavam que eram provenientes de galos mortos que teriam feito companhia ao “ cadáver” em sua mortalha.

Mulheres ajoelhadas massageavam e lavavam o corpo com o líquido contido nas jarras. Sapatonon afastou-se alguns passos e chamou sete vezes o “morto” pelo seu novo nome. Quando se ouviu o último apelo, o corpo começou a tremer e a agitar-se, ressuscitando diante da assistência que aplaudia
e manifestava sua alegria pela vinda ao mundo de um novo ànàgónu. Esse texto retirado de um dos livros de culto ao orixá de Pierre Verger tem a inteção de mostrar a semelhança do Candomblé e o culto africando, mas também como também pode ser muito diferente uma iniciação de Orixá (elegun) na Terra de nossos ancestrais.

Agora Escute Xirê de Ogum em Ketu: Candomblé

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Feitura de Santo na Africa – Parte 2

Postado por: Ebomi at 21:54 0 Comentários
Dando continuidade ao texto de como é uma feitura de santo na África (iniciação de Orixá) iremos falar do Orìxíxe “O primeiro dia dentro do ritual” (“ cumprir a tradição” ), termo correspondente ao sundide de origem fon, significado “ primeira saída dos iniciados” , empregado nos trabalhos precedentes.
Nesse dia, realizam-se duas cerimônias: anlodò e afèjèwè.

Anlodò (Indo as águas)



Cedo, pela manhã, realiza-se o que se chama Anlodò(“ vamos ao riacho” ), quando os noviços, homens e mulheres, saem da igbó ikú. Eles caminham, um atrás do outro, no estado de entorpecimento do qual falamos anteriormente. Um grande pano branco, àlà, é mantido sobre suas cabeças; estão todos vestidos de panos esfarrapados e entram no recinto consagrado a Xangô, onde cada um deles recebe uma jarra contendo infusão de folhas dedicadas ao orixá.



Quando saem dali Ìyá Xangô e algumas iniciadas já antigas colocam sobre a cabeça dos futuros Elegun uma rodilha de fibras, usadas na África como esponjas vegetais. Em cada uma dessas rodilhas foram presos uma fileira de búzios e um pintainho de alguns dias, amarrado pelos pés. As jarras são colocadas por cima Ìyá Xangô e suas ajudantes. Elas têm o cuidado de coloca-las três vezes seguidas, antes de deixa-las ali. A fila de noviços forma-se de novo e dirige-se, acompanhada pelas mulheres encarregadas da iniciação e por um conjunto formado de atabaques bàtá ou de cabeças agbè. Esse pequeno grupo dirige-se a um riacho, ou uma lagoa, situado no meio de uma floresta sagrada da vizinhança. Os noviços vão com o corpo inclinado para frente e a cabeça levantada para manter o equilíbrio da jarra. Caminham dançando, seguindo o ritmo dos atabaques, e de vez em quando esboçam alguns passos mais firmes, com os joelhos dobrados. Muitas vezes, um Elegun de Exu precede o cortejo para que nada de desagradável aconteça.

Como é a Iniciação de Orixá na Africa “Parte 1”

As iniciadoras e os noviços são os únicos a penetrarem na floresta. Os músicos e as pessoas da escola param e esperam na proximidade. À beira do rio, ou da lagoa, fora construída uma pequena cabana de folhas de palmeira. No centro, fora cavado um buraco e coberto com alguns galhos, formando uma grade. A terra retirada da escavação fora deixada ao lado, em forma de montículo.
Cada noviço deve ficar de pé um após outro, em cima da grade improvisada sobre o buraco, e a jarra é colocada em cima do montículo. O iniciado é então despido e seus trapos são jogados no fundo do buraco. Seu corpo é lavado com a água contida na jarra e esfregado com a rotilha os búzios e o pintainho, que, não resistindo a esse tratamento, não demora a morrer. Tudo isso é depois jogado no buraco. A operação consiste, ao mesmo tempo, num sacrifício de substituição e de purificação das faltas que tivessem podido manchar o passado dos noviços. Assim, uma vez purificado, seu corpo é enxaguado com a água do riacho e vestido com um pano branco. Colocam-lhe na cabeça uma nova rodilha e a jarra contendo gora água do riacho. Quando o último dos noviços terminar essa obrigação, tornam a fechar, socando a terra com os pés. O abandono das roupas velhas, substituídas pelos novos panos brancos, é um símbolo da rejeição do passado e da passagem para uma vida nova dedicada ao orixá.

Afèjèwè (iniciação do orixá na África)

Durante o tempo em que os noviços foram realizar essa cerimônia de purificação, Mógbá Xangô e seus auxiliares foram ao local consagrado na véspera, prepara-lo para a realização do batismo de sangue dos neófitos, afèjèwè (“ lavamos com sangue” ). Algumas folhas são colocadas embaixo as esteira, posta no chão na noite anterior, e um pilão é emborcado em cima. Um muro de panos é mantido pelos auxiliares ao redor do local consagrado, para proteger dos olhares indiscretos à parte da cerimônia a ser realizada.
Os noviços são levados, um após outro, para esse recinto. Estão no estado de entorpecimento mental a que já nos referimos. Cada um deles é amparado e guiado pelas iniciadoras até o pilão emborcado, onde é sentado e levantado duas vezes para só permanecer na terceira. A seus pés são colocados, sobre uma bandeira de madeira, um edùn àrá (machadinha de pedra ou pedra de raio), suporte do axé de Xangô, um facão e um éré (xeré), chocalho feito com uma cabaça alongada.

Os cabelos do iniciado são raspados e recolhidos em uma pano branco colocado em seu colo. São feitas incisões no alto do seu crânio, onde será colocado, depois, um òsù (oxu), do qual falaremos mais adiante.
Para cada noviço são sacrificados primeiro os animais: galos, pombos, tartarugas, galinhas-d´angola e caracóis. O sangue é derramado ao mesmo tempo sobre a cabeça do iniciado e sobre a machadinha de pedra, estabelecendo a ligação entre o futuro Elegun e Xangô.
Os corpos dos animais decapitados são apresentados ao noviço, que chupa um pouco do sangue; pode acontecer que ele aperte em seus dentes o pescoço do galo com tal força, que arranque um pedaço e mastigue, lentamente, por alguns momentos. Marca-se a cabeça do noviço, bem como o peito, as costas, os ombros, as mãos e os pés com o sangue dos animais sacrificados.

O ponto culminante da cerimônia de batismo de sangue é aquele em que um carneiro é sacrificado. Antes de imolar o animal, é costume dar-se-lhe para comer algumas folhas verdes de cajazeira. Mas, antes, as folhas são mostradas três vezes ao carneiro e tocadas levemente na cabeça do noviço. Da terceira vez, elas lhe são mostradas mais demoradamente e, em geral, o animal começa a devora-las. Se o carneiro não as comer ele é poupado e deverá ser substituído por outro. Logo que ele começa mastigar as folhas, a pedra de raio é introduzida à força em sua goela e seu focinho é amarrado fortemente. O carneiro é, então, degolado e o seu sangue é aparado em uma cabeça e derramada um parte no ojubó e outra na cabeça do noviço, escorrendo por todo o corpo. Em seguida, com as penas das aves sacrificadas, cobre-se a cabeça, o rosto e os diversos pontos de seu corpo, que foram marcados com sangue.





O espetáculo é impressionante e lembra um pouco o que se sabe a respeito dos “Mistérios de Cibele, onde o iniciado, deitado em uma cova, recebia sobre seu corpo o sangue de um touro ou um carneiro” . A cabeça do animal é separada do corpo, acima do noviço prostrado sobre o pilão. Acontece então que Xangô manifesta sua aceitação aos sacrifícios e à consagração do novo Elegun, apossando-se dele, “montando” (gùn) nele. O Elegun pega a cabeça do carneiro com as duas mãos, aproxima-a de seu rosto e aperta, entre os dentes, uma das artérias carótidas, para entregar-se, em seguida, a uma dança alucinante ao som das palmas e dos cantos dos presentes. A cabeça do carneiro, estreitamente ligada à do Elegun, balança ao ritmo da dança e parece, às vezes, mais viva que o rosto estupefato do noviço. Uma espécie de comunhão parece estabelecer-se entre eles, símbolo vivo do sacrifício de substituição que acaba de ser consumado.

Alguns momentos depois, o noviço senta-se de novo no pilão, descerra os dentes e solta a cabeça do animal sacrificado. Move-se ainda por uns instantes, fazendo girar o seu tronco e inclinando-o para frente e para trás. O êxtase atinge seu paroxismo e é logo seguido de um desfalecimento. O iniciado cai no chão, debatendo-se, e é logo levado para a igbó ikú.

A reação do noviço no batismo de sangue pode-se ser mais calma e sua volta a igbó ikú feita com mais serenidade. Ele, ou ela, torna-se um omo titun, uma “ criancinha” . Ele, ou ela é guiado por suas iniciadoras que, com solicitude, amparam seus passos ainda hesitantes. O iniciado continuará nesse estão, Omo titun, durante os dezessete dias de seu internamento na igbó ikú.

O grupo dos Omo titun encontra-se reunido dentro desse recinto. Deverão realizar, regularmente, suas abluções e tomar infusões vegetais. Passarão seus dias deitados em esteiras, cobertos de panos brancos. Um òù (oxu) é preso em sua cabeça, exatamente no lugar onde foram feitas as incisões do dia do batismo de sangue. Este òù é uma pequena bola, do tamanho de um ovo de pombo, feita de um aglomerado de folhas reservadas de Xangô, embebidas no sangue dos animais sacrificados, às quais acrescentam-se elementos de uso constantes nas oferendas: ratos (eku) e peixes (já), que simbolizam noções complementares como terra – água, masculinidade - feminilidade, esquerda – direita; pena de galo das Campinas (àlúko); de cuco (àgbe); de papagaio (odíde); de garça (lékeléke), cujo simbolismo é mais difícil de interpretar. Tudo isso é pilado e comprimido para formar o òù, cujo objetivo e sacralizar a cabeça do iniciado. Este será chamado, a partir daí, adoxù, que significa “ aquele que usou um óxù” , prova incontestável de sua iniciação.

Não deixe de ler a Parte 1 da Iniciação de Orixá na Africa para poder acompanhar esse material rico em cultura de Pierre Verger.

Xirê de Omolu/Obaluaiê em Ketu: Candomblé

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Como é a Iniciação de Orixá na Africa “Parte 1”

Postado por: Ebomi at 12:20 3 Comentarios
O conteúdo a seguir relata como é diferente o culto do orixá entre os Candomblés Brasil e a iniciação de Orixá na Africa, relatando como uma pessoa é indicada para ser iniciada dentro do santo, os métodos podem ser até parecidos, mas vocês irão reparar que a diferença começa desde a nascimento daquele que será apontado para dar início a religião de nossos ancestrais, e foi dividido para melhor entendimento em 3 partes a fonte desse texto é do grande Pierre Fumbi Verger.

Na região ioruba, a iniciação de um Elegun (aquele que pode ser “montado” , possuído, pelo orixá) não apresenta problemas. Geralmente ele foi indicado para desempenhar esse papel por ocasião do seu nascimento, pela adivinhação, quando seus pais consultaram um babalaô para conhecer o destino do recém nascido. O futuro Elegun, muito cedo, geralmente aos sete anos de idade, é confiado a um sacerdote do orixá. Em se tratar de Xangô, irá para a casa de um Mógbá Xango, de um Elegun Xangô ou, ainda, de uma Ìyá xàngó para viver na atmosfera do culto do deus.
O que é Bolar com Orixá

Em certas regiões nagô , como Saketê ou Ifanhim, ou mesmo em terras estranhas aos iorubas, como Uidá entre os hweda, há egbé Xangô poderosos, sociedades que reúnem todos os adeptos do deus, onde os futuros Elegun fazem sua iniciação em grupos mais ou menos numerosos.

iniciação de orixa na Africa - Elegun

Tivemos oportunidade de acompanhar as diversas fases dessas cerimônias para grupos de dezoito Elegun em Ifanhim, onde o egbé não conhece fronteiras (anglo-francesa outrora, nigeriano beninesa atualmente); seis em Uidá e dois em Saketê; assim como na Bahia, onde é idêntico o ritual seguido.
De um lado e outro do oceano Atlântico, as cerimônias de consagração dos novos Elegun Xangô duram dezessete dias. Na África, elas começam e terminam num dia dedicado a este orixá, da semana ioruba de quatro dias. Elas têm início, por razões que ignoramos, no momento o mais próximo possível do primeiro quarto da lua, para terminarem na época do último quarto.

Algumas vezes, pode haver variações nos detalhes do ritual, mas a sequência geral das diversas partes de uma iniciação é a mesma.

Em Saketê, por exemplo, era preciso substituir um Elegun Xangô já falecido e, antes de iniciar a cerimônia, foi necessário consulta a alma do morto para obter seu consentimento e sua concordância com a escolha de um novo eleito.

Essa consulta foi feita por um pequeno grupo, de aproximadamente vinte pessoas da família, à meia noite mais ou menos, ao ondo de uma estrada deserta, um pouco fora da cidade. As mulheres pararam em uma ponte sobre um pequeno rio. Os homens continuaram seu caminho até cerca de cem metros mais a diante. Um deles, um tal Olelé, derramou no chão água e azeite de dendê, colocou por cima nozes de cola e galos vivos, amarrados pelos pés. Oládélé gritou um nome, alongando cada sílaba ao máximo, e suplicou:

“Wá gbà awn erù re,
Ki fi omo wa silè fún wa
Ki òsà á gbé wa“

(“Vem buscar tuas oferendas
Deixa-nos teu filho na terra
Para que o orixá nos proteja” ).

De longe, ouviram-se gritos prolongados: “O o o o o o o o o” . Era Baba Egúngún que respondia. Todos os presentes, ajoelhados, pediram-lhe para vir ao encontro deles. Perceberam uma sombra aproximado-se na escuridão. Olelé avançou em sua direção e deu-lhe as nozes de cola e os galos. O espírito gritou três vezes: Mo gbà a ( “ Eu aceito” ), e acrescentou: E jê mba ndélé [“ Venham comigo para casa (no além)” ]. Os presentes recusaram: E béò! A pò lébìn, mde o wà láàrin wa (“ Não! Há muita gente depois de nós, há crianças entre nós” ). Baba Egúngún insistiu. Oládélé pegou então uma panela de barro e jogou-a violentamente no chão, onde ela se desfez em pedaços. Todos fugiram para a cidade, perseguidos por um curto espaço de tempo e sem muita firmeza por Baba Egúngún.

No dia seguinte, começavam a iniciação dois novos Elegun. Um deles ia substituir o sacerdote morto, cuja alma acabava de ser consultada. O Xangô da família encontraria, assim, outro de seus descendentes em quem se encarnar durante as cerimônias organizadas em seu louvor.

Entrada do iniciado no  igbó ikú


Os futuros elégùn vão para o local de sua iniciação alguns dias antes do início das cerimônias. Sua consagração ao orixá pode se realizar em um templo já existente, na cidade ou em uma roça das redondezas, ou então em um novo local que deverá ser sacralizado. Em todos esses casos, deverá  ser
reservado um lugar privado, onde deverá viver os noviços, próximo ao local onde se realizarão as cerimônias públicas. Esse lugar, às vezes chamado “ convento“ por alguns autores, tem o nome de igbó ikú, “ a floresta da morte” . Pode ser um simples quarto de uma casa ou um grande recinto cercado, permanente ou transitório, atrás do pátio da roça, onde os iniciados vão viver durante os dezessete dias de sua reclusão, protegidos das intempéries por um simples tapume de palha trançada.

A permanência na igbó ikú simboliza a passagem para o além, entre a antiga existência profana e a nova, consagrada ao deus. Desde sua entrada nesse lugar, os noviços são obrigados a fazer abluções e tomar beberagens vegetais, feitas com a infusão de certas folhas, cascas e raízes dedicadas ao orixá,
iguais às que serviram à preparação do odù do orixá, descrito pó Epega, reforçando assim a ligação entre este e seu futuro elégùn.

Essas beberagens e abluções, que contêm o à, a força do deus, parecem exercer uma ação sobre o cérebro dos iniciados e contribuir para deixa-los num estado de entorpecimento e de sugestionabilidade que fará deles criaturas dóceis e aptas à consagração.

Àìsùn: A noite do inicio dos fundamentos


Na noite que precede o começo das cerimônias de realização realiza-se o àìsùn (“ não dormir” ), a vigília noturna, durante a qual os participantes da festa chegam em pequenos grupos, cumprimentam-se uns aos outros, falam das últimas novidades, sentam-se aqui e ali, descansam e bebem alegremente
vinho de palma, meu, ou de álcool abatido por destilação, tí.

No decorrer das iniciações observadas para Xangô, encontravam-se presentes os Mógbá Xangô, aqueles responsáveis pelo bom andamento do culto e guardiões do axé. Caracterizam-se por não entrarem em transe como os elégùn. A Ìyá àngó do lugar ou Ìyá Egbe, a “mãe da comunidade” , encontra-se também presente. É ela quem transmite o axé aos novos elégùn.

Uma das iniciações observadas foi realizada num local ainda não consagrado. Foi preciso prepara-lo, pois, no dia seguinte, seria realizado o batismo de sangue dos noviços. Cavaram um buraco no chão e vários elementos foram ali despejados: a infusão das plantas, de que já falamos, o sangue e as cabeças de um galo e de um pombo sacrificados sobre o buraco; foram acrescentados elementos calmantes: limo da costa, Ori; azeite-de-dendê, epo pupa; o líquido que escorre da casca esmagada de um caracol, Ibin (caramujo); e, ainda, quatro espécies de pós-pretos obtidos pela calcinação de vários elementos; e, por fim, nozes de cola de duas espécies chamadas Obi e  Orobó.

O buraco foi tapado, devidamente marcado com alguns búzios e coberto com um esteira. Neste lugar exatamente, será colocado, no dia seguinte, um pilão, odó, emborcado, que servirá de assento aos noviços para seu batismo de sangue (BORI).

Acompanhe o site para seguir com o resto da iniciação de orixá (elegun) na Africa e veja as diferenças entre as Nações do Candomblé e o culto Africano.

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Os Orixás e seu Culto: Candomblé

Postado por: Ebomi at 17:31 0 Comentários
O artigo a seguir fala sobre Os Orixás e seu culto para entendimento dentro da nação do Candomblé a importância de você estudar e conhecer melhor a religião que encanta por sua magia e impressiona com tanta cultura religiosa.

Na África, cada orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais, Xangô em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogum em Ekiti e Ondô, Oxum em Ijexá e Ijebu, Erinlé em Ilobu, Logum Edé em Ilexá, Otin em Inixá, Oxalá-Obatalá em Ifé, subdivididos em Oxalufan (Oxalá velho) em Ivan e Oxaguian (Oxalá Novo) em Ejigbô. 

Os Orixás viajaram, em seguida, para outras regiões africana, levadas pelos povos no curso de suas migrações. Se as pessoas formavam um grupo numeroso, o orixá tomava tal amplitude que englobava o conjunto da família, e alguns  olorixás, sacerdotes do orixá, asseguravam o culto para todo o grupo.

O culto aos Orixás - Candomblé

Se alguém se fixa com a sua família restrita à sua mulher e aos seus filhos, o orixá assumia uma feição mais pessoal. Quando o africano era transportado para o Brasil, o Orixá tomava um caráter individual, ligado à sorte do escravo, agora separado do seu grupo familiar de origem.

A qualidade das relações entre um indivíduo e o seu orixá é, pois, diferente, caso ele se encontre na África ou no Novo Mundo. Na África, a realização das cerimônias de adoração ao orixá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal. Os outros membros da família ou grupo não têm outros deveres senão o de contribuir materialmente para os custos do culto, podendo, entretanto, se assim o desejarem, participar nos cantos, danças e festas animadas que acompanham essas celebrações. 

Devem, além disso, respeitar as proibições alimentares e outras, ligadas ao culto, ligadas ao culto de seu orixá, e, assim agindo, estão perfeitamente em regra com as suas obrigações. 


No Brasil, ao contrário, cada um deve assegurar pessoalmente as minuciosas exigências do Orixá, tendo, porém, a possibilidade de encontrar num terreiro de candomblé um meio onde inserir-se, e um pai ou mãe de santo competente, capaz de guiá-lo e ajuda-lo a cumprir corretamente suas obrigações
em relações ao seu orixá. 


Se a pessoa for chamada a tornar-se filho de santo, caberá igualmente ao pai ou mãe de santo a tarefa de levar a bom termo a sua iniciação, e preparar o assento de seu orixá individual (o vaso que contém os seus Otá, as pedras sagradas, receptáculos da força do deus).
 

Existem, assim, em cada terreiro de candomblé múltiplo orixás pessoais, reunidos em torno do orixá do terreiro, símbolo do reagrupamento, do que foi disperso pelo tráfico.

Orixá de Oyá Yansã: Xirê de Candomblé

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