A Roda de Xangô – Completa com Audio e Escrita: Os Orixás

Postado por: Ebomi at 22:18 15 Comentarios

A Roda de Xangô o Orixá do fogo - Completa com letra - Audio - Tradução e Explicação:

O Texto a seguir relata a Roda do Orixá Xangô em yoruba (letra), tradução e explicação para cada cantiga do xirê em ketu (candomblé) deste orixá completa, é claro que a sequência pode mudar de Casa para casa de santo, pois como sabemos nossa religião é um culto muito difundido e herança diversas cidades da África, no caso aqui está mais ligado ao culto Nigéria. 

O artigo está editado de um livro original “A Fogueira de Xangô….. O Orixá do fogo”. O vídeo com áudio e a letra para aprendizado está dividido em 3 partes, para não ficar um vídeo muito longo e grande.


A Roda de Xangô Completa

Alguns minutos decorrem entre as imagens fortes do fogo e o início do xiré do Rei de Oió, no barracão.

O ritmo da avamunha convida a todos, os da casa e os convidados a iniciarem a roda de Xangô.

Começa o xirê, louvando Ogum, em seguida, Oxossi, Obaluaiê, Ossaim, até que, repentinamente, ouve-se o som do batá , ritmo próprio de Xangô.

FOGUEIRA da roda de xangô

Xangô de batá-de-Xangô começa a ser executada:

Àwa dúpé ó oba dodé
A dúpé ó oba dodé
Nós agradecemos a presença do Rei que chegou.
Nós agradecemos a presença do Rei que chegou.

A dupé ni mòn oba e kú alé
A dupé ni mòn oba e kú alé

Ó wá , wá nilè
A dupé ni mòn oba e kú alé
Nós agradecemos por conhecer o Rei,
boa noite a vossa majestade.
Ele veio, está na terra.
Os primeiros cânticos dirigem-se ao Rei, a Xangô. Sua presença é louvada e a sua saga mítica será contava através do canto e da dança. Não será somente o seu aspecto guerreiro que será homenageado, outros serão lembrados.... O Xangô justiceiro será um deles.



Fé lè fé lè                            Ele quer poder...ele quer poder ( vir )
Yemonja wé okun               Iemanjá banha (lava) com água do mar
Yemonja wé okun               Dê-nos licença para vermos através dos
Àgó firè mòn                       seus olhos e conhecer-mos...
Àgó firè mòn                       Dê-nos licença...
Ajaká igba ru , igba ru        Ajaká traz na cabeça, traz na cabeça ( água do mar )
Ó wá e                                  Então estas de volta.


O canto dedicado à Ajaká fala da água do mar, como também de ver através dos olhos.
Ajaká é cultuado durante as festas de Xangô junto com sua mãe, Iamassê, considerada como uma Iemanjá.



Sàngbá sàngbá             Ele executou feitos maravilhosos, feitos maravilhosos.
Didè ó ní Ígbòdo           Pairou sobre Igbodo,
Ode ni mó                    os caçadores
Syìí ní, òní ó               sabem disto.

O cântico fala de Ajaká, destronado por seu irmão Xangô, refugiando-se em Igbodo. Ficou nesta cidade por sete anos, período em que reinou sobre Oió seu irmão Xangô.


Òní Dàda , àgò lá rí           Senhor Dadá, permita-nos vê-lo !!
Òní Dàda , àgò lá rí          Senhor Dadá, permita-nos vê-lo !!
Dàda má sokun mò
Dàda má sokun mò           Dadá não chore mais.
Ò feere ó ní feere              É franco tolerante,
Ó bgé l`orun                     ele vive no orun,
Bàbá kíní lonòn da rí       é o pai que olha por nós nos caminhos.


Ajaká além deste nome , também era conhecido como Baaiyani e também como Dadá, em razão de seus cabelos anelados. O Ritmo forte e cadenciado do batá louva Dadá ou Ajaká.



Báyànni gìdigìdi , Báyànni olà
Báyànni gidigidi , Báyànni olà         Baiani ( Ajaká ) é forte como um animal e muito , muito rico.
Báyànni adé , Báyànni òwò             A coroa de Baiani é honrosa e muito rica.
Báyànni adé , Báyànni òwò

A coroa de Baiani, descrita no cântico, da qual é dita ser honrosa e pertencer a um Obá, refere-se a Ajaká, terceiro Rei de Oió. A palavra owó, significa , dinheiro, riqueza, e está relacionada a uma grande quantidade de búzios que ornam esta coroa e que antigamente serviam como moeda. 

Referente ao termo: gidigidi,que é um superlativo,isto é, muito; e gìdigìdi, animal grande e forte. Trata-se de um trocadilho comum no iorubá.


Os cânticos continuam sucedendo-se. Discutem normas morais, e também falam de particularidades referentes ao culto dedicado ao Deus do fogo.


Fura ti ´ná, Fura ti ´ná e , Fura ti ´ná,             Desconfie do fogo, desconfie do fogo.
Àrá lò si sá jó                                                  O raio é a certeza de que ele queimará.
Fura ti ´ná, Fura ti ´ná e , Fura ti ´ná,            Desconfie do fogo, desconfie do fogo.
Àrá lò si sá jó                                                  O raio é a certeza de que ele queimará.

O cântico chama a atenção para que os descuidados, não tenham a devida cautela e respeito com o fogo.
Este elemento, fundamental na vida do homen, pode lhe proporcionar conforto, mas quando sem controle, pode significar a morte. O raio é a certeza de que ele queimará, pois seu direcionamento é incerto.


Ìbà òrìsà
Ìbà Onílè                              Abenção dos orixás,
Onílè mo júbà o                  Abenção do Senhor da terra,
Ìbà òrìsà , Ìbà Onílè            Ao Senhor da terra (Onilê)
Onílè mo júbà o                  minhas saudações.


Xangô na Africa
Orixá Xangô na África (Nigéria).

O cântico saúda Onilê o ´´Senhor da terra ´´, nas cerimônias dedicadas a Xangô, oferendas são destinadas á terra, para que este orixá permita sobre seu templo, ´´A Terra ´´ ser acesa a fogueira de Xangô.

O Audio da Cantiga da Fogueira (roda) de Xangô:









A parte 2/3 da Roda em continuação ao Orixá Xangô:

                            minhas saudações.


O cântico saúda Onilê o  ´´Senhor da terra ´´, nas cerimônias dedicadas a Xangô, oferendas  são destinadas á terra, para que este orixá permita sobre seu templo,  ´´A Terra ´´  ser acesa  a  fogueira  de  Xangô.


O canto a seguir fala que o  "rei não se enforcou" , por tanto não morreu, sumiu chão adentro como convém a um orixá.


Òràn  in  a  lóòde  o                                                  Sim, a circunstância o colocou de fora.
Bara  enì  já,  ènia    ko                                         O mausoléu real quebrou ( não foi usado )
Oba    Ko´so        o                                     O homen não se pendurou.
Bara  enì  já,  ènia    ko                                         O rei sumiu, não se enforcou, sumiu no chão e reapareceu.

Ó  níìka  wòn    lórun  kéréjé                               O mausoléu real quebrou ( não foi usado )
Ó  níìka  wòn    lórun                                           O homen não se pendurou.
Kéréjé  àgùtòn                                                          Ele é cruel, olhou, retornou para o rum,
Ìtenú  pàdé    lóna                                                deu um grito enganando ( seus inimigos ).
Í  níìka  si  relé                                                          O carneiro  mansamente procura e encontra o caminho

Ibo  si  òràn   in  a  lóòde  o                                      Ele é cruel contra os que humilham.
Bara  enì  já,  ènia    ko                                         A consulta ao oráculo foi negativa.
Oní  máa,  ni    èjé                                                  O verdadeiro senhor é contra juras ( falsas ) .
Bara  enì  já,  ènia    ko                            Sim, a circunstância o colocou de fora. O homen não se pendurou.


Oba  sérée  la  fèhinti                                                Incline-se o rei do xere salvou-se
Oba  sérée  la  fèhinti                                                Incline-se o rei do xere salvou-se
Oba  ni    ìyé    l´órun                                       Suplique ao rei que existe e vive no orum.
Oba  sérée  la  fèhinti                                                Incline-se o rei do xere salvou-se


Dizem que o rei recebeu um cesto contendo ovos de papagaio. Era o sinal determinado pela tradição de que deveria renunciar á coroa e talvez á vida. Xangô retira-se para o interior seguido de alguns amigos e de sua esposa Oiá, que volta para sua cidade de origem, Irá

O mito diz que entristecido o Rei enforca-se em um pé de Arabá. Seus companheiros vão a Oió e relatam o fato, quando retornam ao local, encontram um buraco vazio, por onde ele teria entrado, após uma crise de fúria, tornando-se assim um Orixá.


Em Oió os que admitiam a sua morte  ( inimigos )  falavam ´´ Obá  so ´´ que significa ´´ o rei  enforcou-se ´´


Os seus partidários falam  ´´Obá  ko so´´  o que significa  ´´o rei não se enforcou´´  afirmando o  Rei  virou  Orixá.
Xangô não morreu, ele existe e vive no Orum, esta é a crença dos seus fiéis súditos.


Um breve cântico,  sauda a mãe  deste poderoso orixá:


Eye  kékéré                                                               O pequeno pássaro na cabeça, é da esquerda,
Adó  Òsi  arálé                                                          é parente da mãe do rio , mase.
Ìyá  l´´odó  mase
Eye  ko  kéré  lánú                                                    Apanhou com gentileza, o pequeno e sofrido pássaro
Soko  ìyágba  l´´odò  mase                                       a grande mãe do rio , mase.


Os pássaros são um dos símbolos mais conhecidos das Iagbás, além de serem sua representação, são por elas cultuados e protegidos.  São criaturas das grandes mães, consideradas como seus filhos.

O orixá do fogo é múltiplo, reconhecem seus fiéis, e nesta acepção seus súditos imploram a Xangô Airá,
para que as chuvas não sejam destruidoras, que elas apenas limpem e fecundem a terra.

Aira  òjo                                                                    A chuva de Airá,
  péré                                                                 apenas limpa e faz barulho como um tambor.
A    péré                                                            Ele apenas limpa e faz barulho como um tambor.

A Roda-de-Xangô atinge o seu clímax com este canto, mais rápido e vibrante.
Começam a surgir os primeiros sinais da presença dos Orixás. O primeiro a chegar foi Ogum, logo acolhido pelas Ekedis. Em seguida quase que  no mesmo momento, apresentou-se Oxum, Iemanjá, Oiá e Obá.

Finalmente é a vez de Oxaguiã, o deus funfun ( do branco )  da criação e também guerreiro.

A  casa de Xangô,  esta em festa, Obaladô está feliz.. os cânticos continuam...


A  níwà  wúre                                                           Nós temos a existência e a boa sorte.
A  wúre  níwà                                                           Nós temos a boa sorte e a existência
A  níwà  wúre                                                           Nós temos a existência e a boa sorte.
A  wúre  níwà                                                           Nós temos a boa sorte e a existência
Oba  lùgbé  obaladó                                                 O rei afugentou ( os maus feitores ) o rei do pilão.
Obaladó                                                             O rei do pilão olha e arremessa ( os raios )
Obaladó                                                                    O rei do pilão.


O rei sempre protege seus adeptos, dando-lhes boa sorte. O Obá também faz justiça e persegue os ladrões, mentirosos, perjuros e jamais esquece os que contra ele blasfemam.



Olówó                                                                        Abastado Senhor, aquele que definitivamente
    bò ,                                                     dá proteção, dá proteção.
                                                                    Aquele que definitivamente dá proteção.
Olówó                                                                        Abastado Senhor, aquele que de finitivamente
    bò ,                                                     dá proteção, dá proteção.
Aláààfín   òrìsà                                                         Senhor do palácio  e  orixá.


Xangô é considerado muito rico, grande proprietário  das riquezas da terra, possuidor de tesouros e cidades , palácios, filhos e mulheres.



Omo  àsìkó  Bèrè                                                      Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )
Èkó  inón,  Èkó  inón                                               fogo de Ékó ( lagos ), o culto do fogo de Ékó.
Omo  àsìkó  Bèrè                                                      Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )
Èkó  inón,  Lóòde  roko                                           fogo de Ékó, ao redor das plantações.
Omo  àsìkó  Bèrè                                                      Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )
Èkó  inón,  Èkó  inón                                               fogo de Ékó ( lagos ), o culto do fogo de Ékó.
Omo  àsìkó  Bèrè                                                      Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )
Èkó  inón,                                                                 fogo de Ékó,
Èrù  njéjé                                                                  com medo extremo.


O canto talvez relembre o início da imigração Yorubá, em direção ao mar, ligados aos mitos de origem da cidade de Lagos e a divisão das terras entre filhos do conquistador, que implantaram na região sua cultura e seus deuses, provavelmente o culto a Xangô ou Jakutá.


....o  canto  e  a  dança  do  rei...

Mal termina o Alujá, um novo surge.  Ele pede licença para percorrer os caminhos e determina que os orixás
estão chegando. Todos em gala, portando  em suas mãos as insígnias  que  identificam  sua procedência.

Àgó  l´óna  e                                                             Licença  no  caminho.
Dìde  máa  dáago                                                     Levantem-se, eles estão chegando na hora
Àgo  àgo  l´óna                                                         prevista  ( de costume )
E dìde  máa  yo                                                         Levantem-se com alegria habitual
Kórò    nise  o                                                       Que o ritual teve trabalho.


À frente do cortejo estava Ogum, a quem cabe a primazia, logo após Exú, de ser o primeiro louvado.
Logo após. Xangô – Airá, todo de branco, exibia dois oxés prateados e uma coroa  também de prata que reluzia, dando majestade ao patrono da casa. Logo a seguir deste mais três Xangôs, todos portando seus oxés porém desta vez de cobre, seguidos de Oyá , Oxum, Obá e fechando o cortejo Oxaguiã.

Começa, então os louvores ao orixá do fogo....ao ouvirem os atabaques, os quatro Xangôs levantan-se precedidos pelo mais velho, ou seja, Xangô Airá.

Oba        lóòkè  odó                                         Ele é o rei que pode despedaçá-lo sobre o pilão;
Ó      omon                                                          Aquele que cumprimenta como um guerreiro os filhos,
Oba        lóòkè odó                                          Ele é o Rei que pode despedaçá-lo sobre o pilão.
Oba  kòso  ayò                                                          O Rei de kosó com alegria.

Neste cântico Xangô é chamado de rei de Kosó, cidade próxima de Oyó e que teria sido sua primeira investida em sua tragetória guerreira e política daqueles tempos.  Uma a uma vão sendo ´´ contadas as histórias´´ de Xangô, Elas falão dos lugares sagrados percorridos, de suas esposas, seus filhos, seus feitos e poderes.

Máà  inón  inón
Máà inón  wa inón inón                                           Não mande fogo, não mande fogo sobre nós,
Oba  Kòso                                                                 vos pedimos em vosso templo, não mande fogo;
Olóko  so  aráaye                                                      o lavrador pede pela humanidade,
Máà  inón  inón                                                        não mande fogo,
Oba  Kòso  aráaye                                                    rei de  Kosó que governa a humanidade
Máà  inón  inón                                                        não mande fogo,
Oba  Kòso  aráaye                                                    rei de  Kosó que governa a humanidade

A relação de Xangô com o fogo, domínio este conseguido através das forças mágicas, é definitivo em termos de conquistas por ele empreendidas.

Aláàkòso  e  mo  júbà                                               O Senhor de Kosó, a vós meus respeitos,
Á    si  oba  ènyin                                                   nós iremos a vós,
Oba  tan      síbè                                                  rei a quem iremos
  si  oba  ènyin                                                      contar tudo.

A  sìn  e doba  àra                                                     Nós vos cultuamos,rei dos raios,que
Àra  yìí    síbè  ènyin                                              estes raios vão para (lá)longe de nós.
A  sìn  e doba  àra                                                     Nós vos cultuamos,rei dos raios,que
Àra  yìí    síbè  ènyin                                              estes raios vão para (lá)longe de nós.

Neste momento, ao ouvir o cântico, o Xangô de branco, o dono da festa, dirige-se até a frente da orquestra ritual e, curva-se frente aos tambores e seus ogãs e emite seu brado em sinal de aceitação á cantiga em que esta contida a sua louvação.

Aira  ó    lê, a  ire  ó                                          Airá está feliz, ele está sobre a casa.
A ire  ó    lê, a  ire  ó                                         Estamos felizes, ele está sobre a casa.

Aira  ó,  ore  gédé  pa,                                       Airá nos presenteie afastando os que podem nos matar
Ore  gédé  ( àwa)                                                      nos presenteie afastando os que podem nos matar
Aira  ó,  ore  gédé  pa,                                      Airá nos presenteie afastando os que podem nos matar
Ore  gédé                                                           nos presenteie afastando os que podem nos matar
Aira  ó, Adjaosi  pa... Adjaosi                        Airá Adjaosi  (tipo de Airá) pode matar, (nos presenteie)
Aira  ó, ebora  pa... Ebora                                        Airá, Ebora pode matar, ( nos presenteie )


O primeiro cântico faz referencia a Airá muito velho e seu enredo com Oxalufã, relação esta ligada ao mito e cerimonial  denominado “ Águas de Oxalá” em que se comemora a criação do mundo e colheita dos inhames.
A seguir o cântico fala de Airá Adjaosi  como ebora parte integrante dos Doze Xangôs cultuados na Bahia, juntamente com Airá Intile e Airá Igbonan.



A partir deste canto, começa a se instaurar o domínio do Alujá. Os orixás dançam com gestos mais largos e vigorosos.O canto enumera as incursões guerreiras dos diferentes Alafins de Oió aumentando seu poder através das guerras. Baiani ( Baàyònní ) um dos títulos de Ajaká junto com Iamassê, são cultuados na festa.

Gbáà yìí  l’àse  onílá  lòkè, baàyònnì                       Ele possui um axé enorme
Gbáà yìí  l’àse                                                           senhor da riqueza.
Gbáà yìí  l’àse  onílá  lòkè, baàyònnì                       Que governa acima das coroas.
Gbáà yìí  l’àse 

Sàngó  e  pa  bi  àrá  aáyé  aáyé                               Xangô mata com o raio sobre a terra.
Sàngó  e  pa  bi  àrá  aáyé  aáyé                               Xangô mata arremessando raios sobre a terra.

Fírí  ínón  fírí  ínón                                          Ele lança rapidamente o fogo, lança rapidamente o fogo
Fírí  ínón  bàiyìnjó                                               rapidamente o fogo o fogo às vezes fraco(poucas luz)
Máà  ínón, máà  ínón                                               Não nos mande fogo, não nos mande fogo
Fírí  ínón  bàiyìnjó                                                    Ele lança o fogo às vezes fraco.

Quando um raio atingia alguma casa, podia ser um sinal de que a justiça de Xangô estava sendo aplicada cabia ao dono da casa provar sua inocência. O fogo sempre presente nos mitos adquire significado especial quando relacionado a Xangô, o fogo originado dos fenômenos naturais, como raios, meteoritos e vulcões.

Barú  de  sobo  ada                                                 Barú faz emboscada em Sobô de facão.                  
se    èré, se    èré                                                Faz gritar e é vitorioso.
de  sobo  ada

Xangô Barú era muito destemido, o cântico alude às guerras empreendidas ás diferentes cidades-estado e esta referece a Sobo uma cidade localizada no reino do Benin.

Os mitos apontam Ajaká como terceiro rei  ou oba da cidade de Oió. Foi destronado por Xangô,seu meio irmão,por parte de pai,Oranian. Ajaká é também conhecido como Baayani  ou  Dadá, segundo P.Verger.

Àjàká  máa      wòóo                                       Ajaká não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.
Àjàká  máa      wòóo                                       Ajaká não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.
A e bàbá  àjàká máa bè ká wòóo                             Nosso pai Ajaká
Àjàká  máa      wòóo                                         não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.
Àjàká  máa      wòóo

O Audio 2/3 da Roda do Orixá Xangô:



Àjàká  òké  Òrìsá                                                      O orixá do monte Ájàká.

Àjàká  òké  Òrìsá                                                      O orixá do monte Ájàká.



Ò  be  ri  ó,  ní Dàda  sókun,                                    Ele existe, eu vi, e é Dada quem chora

Àwa  ri  ó  ó    Dada  sókun.                                 Ele existe, eu vi, e é Dada quem chora

Ajaká mesmo destronado não implora clemência, mas após 7 anos ele retorna a ser o Oba da cidade de Oió em virtude de Xangô ter sido forçado à abdicar. O Canto a seguir faz referencia a fundação da cidade de Oió
por Oranian no topo de um monte chamado Àjàká e assim o meio irmão de Xangô tomou este nome para si.
Àjàká  também conhecido por Dadá, durante seu primeiro reinado impunha pesados impostos a seus súditos a fim de financiar as guerras empreendidas, e quando os recursos demoravam a chegar punha-se a chorar, e dançava alegre quando estes chegavam em boa hora.


    ó gbè    mònsó  ojú  omon                             ele reconhece pelo olhar seus filhos.

    ó gbè    mònsó  ojú  omon                             ele reconhece pelo olhar seus filhos.

Oba  olórí  légé  ó  ni    oba  olórí                         Chefe dos Reis, fino e agradável

Ilú Àfonjá    ó, aé    bé, ri  ó                              Chefe da terra, ele é Àfonjá que chega aê 

    bé, ri  ó aé    bé, ri  ó                                  Ele existe, eu o vi, aê  aê ele existe, eu o vi,

Ò  bé, ri  ó ( ikú kójáàdé-ó kótà èrú)                      eu o vi,(ele levou a morte para fora-ele vende os medrosos)

Áfonjá foi um general, isto é, Kakanfô, do Alafin Aolé. Empreendeu inúmeras batalhas, sendo considerado um grande comandante militar. O cântico fala do “chefe da terra”, comandante que reconhece os seus pelo olhar.


Agonjú  Órìsá  awo  Ògbóni                                    Aganjú orixá do culto Ògbóni

Agonjú  Órìsá  awo  Ògbóni                                    Aganjú orixá do culto Ògbóni

Àwúre, Sàngò  àwúre                                               Nos dê boa sorte, Xangô, nos dê Boa sorte.

Ògbóni, Ògbóni, Ògbóni                                          Ògbóni, Ògbóni, Ògbóni

Àwúre, Sàngò  àwúre                                               Nos dê boa sorte, Xangô, nos dê Boa sorte.

Aganjú um dos alafin Oió, filho de Ajaká, e seu nome consta das genealogias levantadas pelo Instituto Francês da África Negra e por diversos  historiadores dedicados à historia Yorubá.
Ògbóni é um das sociedades secretas extremamente poderosa em território Yorubá, e uma das mais antiga.
É uma sociedade que presta homenagens a  “ONILÉ”, o  “ dono da terra” e zela pela ordem dos velhos costumes.

...e  a  festa  continua  no  Ilé de Obaladô

Káwòóo, Káwòóo Sàngò  Dàhòmì                          Vossa  Alteza Real,

Káwòóo Ka  biyè  si  e                                              Sua Real Majestade !!

Sàngò  Dàhòmì                                                        Poderoso Xangô! Proteja-nos das guerras do Dàhòmi.

As guerras pontuaram a trajetória de Xangô o canto refere-se às disputas travadas entre os de Oió e os Dahomeanos, na disputa pelo imenso território pertencente ao reino de Oió.

Oba  sérée  òwa    yìí  sìn           É para o rei que tocamos o xere, e é a este rei que queremos cultuar
Oba  sérée  òwa    yìí  sìn          É para o rei que tocamos o xere, e é a este rei que queremos cultuar
Oba  àwa  òjòó  oro    oba                      Nosso rei da tempestade,ele é o rei
Oba  sérée   oba    yìí  sìn         É para o rei que tocamos o xere, e é a este rei que queremos cultuar

Os Xeres, instrumentos musicais que, segundo as comunidades-terreiros e alguns autores reproduzem o barulho das chuvas quando tocados juntos, soariam como o das tempestades.Instrumento sagrado utilizado para invocar Xangô o senhor dos trovões e das tempestades.

Kíní  ba, kíní  ba, àrá  won                             Poderoso Senhor que racha o pilão e oculta-se

Kíní  ba, o  sérée  alado  àwúre.                        Que impõe os raios e os chama de volta, abençoe-nos.

Obaladô é um dos títulos de Xangô significando  “o rei que racha o pilão”

Àwúre  lê, Àwúre lé kólé                   Abençoe-nos e traga boa sorte à nossa casa, que ela não seja roubada.

Àwúre  lê, Àwúre lé kólé                   Abençoe-nos e traga boa sorte à nossa casa, que ela não seja roubada.

Àwa  bo  nyin  maá  ri  àwa  jalè      Nós que o cultuamos,jamais veremos nossa casa roubada.

Àwúre  lê, Àwúre lé kólé                   Abençoe-nos e traga boa sorte à nossa casa, e que não venham ladrões.

Trata-se de uma louvação ao orixá justiceiro que protege a comunidade contra os mal feitores.
Verger(1999), ao descrever os rituais na África, destaca as bolsas de couro que adornam os eleguns de Xangô.
Delas é dito que contêm as edun ara, as pedras de raio, símbolo deste orixá.
Verger(1999:307) fala de inúmeros templos dedicados a Xangô distribuídos entre as diversas cidades iorubas
edificados em sua  homenagem.  É disto que fala os próximos dois cânticos.

Ó    làbà, làbà....  Ò    làbà                                   Ele usa bolsa de couro...

Ó    làbà, làbà.... Ò    làbà                                    Ele usa bolsa de couro.



Ó jìgòn àwa lé npé ó jìgòn nlá                                 Ele é imenso, o maior de nossa casa, ele é gigantesco

Jìgòn àwa lé npé ó jìgòn nlá                                    Em nossa casa o chamamos de o maior entre os gigantes.

O cântico que se segue faz alusão a Tapa, território dos Nupes, situado a noroeste da cidades de Oió.


E    Yemonjá  ago, Tapa Tapa                    Cumprimentemos Iemanjá pedindo licença a nação Tapa.

E    Yemonjá  ago, Tapa Tapa                    Cumprimentemos Iemanjá pedindo licença a nação Tapa.



 Xangô é considerado sempre como muito rico e poderoso, sendo destacado em seus mitos a vaidade como um dos elementos que compõe a sua principal característica. A tradição oral dos terreiros sempre destaca a riqueza do Obá e os tesouros por ele acumulados.
E assim falam as próximas cantigas.

Oba    rewà ele mi jéé  jéé                          Rei que ama o belo, senhor que me conduz serenamente

Kù tù  kù tù  awo                                            antes do culto chega com o seu oxê

Oba  sà rewà                                                             O rei que ama o belo



Sòngó      olá                                                       È imensa, é imensa a riqueza que eu vi

  e      olá                                                       Xangô, é imensa a riqueza que eu vi

Sòngó tó rí olá

  e      olá  to


....a  corte  real  celebra

Os comentários sobre Xangô, suas roupas e danças cessam quando se ouvem os sons dos atabaques.
O canto saúda Ogum, também ligado ao fogo.
Da assistência eclodem saudações ao “Senhor dos caminhos” Ogum lê, é o momentos de louvar o grande ferreiro, aquele que produz as ferramentas dos orixás. Ogum de mãos ás costas, caminha para iniciar seu bailado rápido e guerreiro, exibindo sua espada, e vês por outra empreendendo uma luta contra inimigos invisíveis, porém conhecidos de todos.

Ké kìkì  alákòró                                                        Grite somente alakorô

Ké kìkì  alákòró                                                        O chefe dos mundo gosta de cumprimentar,

Olùàiyé ki fé Ògún                                                   senhor de Irê e do Akorô, chefe do mundo

Àkòró  Oniré                                                             que acendeu a fogueira, chefe do mundo

Olùàiyé  ìtònnón                                                       que acendeu a fogueira.

Ogum, senhor de Irê , cidade Nigeriana onde ele é cultuado, com o título de Onirê, o grande ferreiro.

Kàtà-Kàtà  ó gbín méje                                             Em distâncias iguais ele plantou 7 sementes.

Ó gbín méjé ònòn gbogbo                                        Ele plantou 7 sementes em todos os caminhos.

A luta, as guerras são aspectos associados a Ogum, na África porém, além de guerreiro, ele é o grande protetor de todos aqueles que vivem da agricultura.
No Brasil como no continente Africano ele é patrono de todos aqueles que trabalham com o ferro assim como na proteção dos Ilês é colocado nos portais o Mariô, folhas novas de  palmeiras que são desfiadas para poder afastar os espíritos dos mortos e das influências negativas do mundo profano, e é disto que fala o cântico .

Ògún  ni aláàgbède                                                  Ogum é o senhor da forja(ferreiro) e caçador

Mòrìwò  ode                                                              que se veste de folhas novas de palmeiras.

Ode mòrìwò

Um novo canto saúda agora Iemanjá, e é Ogum, seu filho mítico que, dirigindo-se até o local onde sua mãe estava placidamente sentada, a saúda. Ele levanta-a com carinho e se despede de todos, retirando-se.

E kà máà  ro  ni  ngbà  òrìsá rè                               Que nos jamais sejamos magoados por você

Lodò e                                                                       Orixá do rio

E kà máà  ro  ni ru  ngbà  òrìsá rè                          que você carregue( a magoa )  em seu rio

Lodò e                                                                       Orixá.

Na qualidade de progenitora dos seres humanos, possui o título de Iá Orí, isto é, “ mãe de todas as cabeças”e é, com este título, que é saudada nas principais cerimônias do Candomblé.

E  ìyá kékeré a kí ri dò  ó kí                                               Mãezinha Senhora do rio (da existência) é a mãezinha

Olùwa odò , e ìyá kékeré                                        aquela que é a senhora do rio.

Àwa je omon àwa je omon                                     Nós somos seus filhos, ela é a mãezinha.



Yemonjá sàgbàwí,  sàgbàwí  rere

Yemonjá sàgbàwí,  sàgbàwí  rere                          Iemanjá intercedeu a nosso favor

Ò Sàgbàwí  rere Yemonjá                                      intercedeu para nosso bem Iemanjá

sàgbàwí  rere                                                            intercedeu para nosso bem.

Os cânticos a Iemanjá ressaltam sempre a sua relação maternal, a imagem da grande mãe protetora é o que se no seu culto. Na áfrica o local preferido para colocar suas oferendas é no rio Iemanjá.
Sua louvação é sempre entoada com entusiasmo, Odô ia, além do seu lado maternal, também tem seu lado guerreiro, portando por vezes uma espada, para defender aqueles que necessitam de sua proteção.
                                                                                              
Terminado o bailado de Iemanjá, começa o ritmo forte, rápido e vibrante de Oiá/Iansã,  a esposa guerrreira de Xangô. Oyá a senhora dos raios, das tempestades, mãe de todos os ancestrais-egunguns.

O frenesi toma conta do barracão ao ritmo rápido e alucinante dos atabaques. Deslumbrante ela chega, belamente vestida, na sua mão esquerda traz o erú-kerê ou eruexím feito de crina de cavalo, na mão direita uma pequena espada lembrando uma cimitarra.

Oyá  kooro nilé  ó  geere-geere                   Oiá ressoou na casa incandescente e brilhante.

Oyá  kooro nlá ó    àrá    àrá               Oiá ressoou com grande barulho, ela corta com o raio.

Obìrim  sapa kooro nílé  geere-geere        Ela corta com o raio, é divindade arrasadoura que ressoou na casa.

Oyá  Kíì                                             Saudamos a Oiá para conhece-la melhor.   



Odò    yà-yà-yà                                         Redemoinho dos rios.      



  ni a padá  lóodò                                     Quem pode cessa-lo para podermos voltar pelo rio Oyá

Oyá  ó  odò hò  yà-yà-yà                              O redemoinho do rio, quem pode cessar é Oiá.

No primeiro cântico nos mitos relativos ao fogo ela sempre está presente,ora como emissária e portadora deste poder, dividindo com seu real esposo Xangô, o medo e a admiração por ele infundido.

No próximo,Oiá está relacionada como as outras Iabás às águas. O rio Oía, na Nigéria é a ela dedicado, suas águas turbulentas forma em alguns trechos redemoinhos.Aplacar a ira de Oiá é garantir uma boa travessia.

Após vários cânticos e danças cessam os atabaques, Oiá está dirigindo-s à orquestra ritual, abraça todos os músicos e  se despede dos presentes.

Ecoa no barracão o ritmo forte e cadenciado do  ijexa , se faz presente agora a, “senhora da beleza e das riquezas”  Oxum. Todos se levantam para admirá-la,e , em passos miúdos e graciosos, começa a evoluir em uma dança que empolga a todos os presentes.
Começa assim a evoluir uma dança graciosa ao som dos Ilús......

A ri ide gbé o !!!                                  Aquela que consegue fazer soar as pulseiras como uma canção.

Omi ro a!!  wàrá-wàrá omi ro                     Soam como o barulho das águas rápidas.

O fi’de se’mo l’Òyó                                       Ela balança as pulseiras em Oyó.

Omi ro a!!  wàrá-wàrá omi ro                     Soam como o barulho das águas rápidas.

O fi’de se’mo l’owo                                       Ela balança as pulseiras com respeiro.

Omi ro a!!  wàrá-wàrá omi ro                     Soam como o barulho das águas rápidas.

O fi’de se’mo l’òrun                                     Ela balança as pulseiras no Orun.

Oxum, orixá vaidosa e feminina, suas pulseiras lembram o murmúrio das águas dos rios,quando ela vai banhar-se faceira, exibindo sua riqueza e encanto.  A palavra  Wàrá-wàrá, além de significar rapidamente, tem o sentido de uma onomatopéia, que lembra o ruído das águas,como das pulseiras de Oxum no cântico.


11
Òsun e lóolá imolè lóomi                              Oxum,senhora que é tratada com todas as honras.

Òsun e lòolá                                                  Senhora dos espíritos das águas

Ayaba imolè lòomi                                        Oxum, senhora que é tratada com todas as honras.



Yèyé yé olóomi ó, yèyé yé,                             Mãe compreensiva, dona das águas

Olóomi ó...



Ayaba  balè  Òsun                                       A grande mãe Oxum toca (reverencia) o chão ( a terra ).    

Ayaba  balè  Òsun



Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro                      A mãe do rio a quem cultuamos nos protegerá.

Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro                      Mãe que nos guiará nas tradições e costumes.

Os cânticos reverenciam a Senhora dos espíritos das águas e dos rios.       
Foi na beira  de um riacho que o Rei Larô, o primeiro  Ataojá, título dos Obás da região de Ijexá, na Nigéria, fez um pacto com este Orixá. Sob a forma de peixe, ela dirige-se ao rei, que faz construir, neste local mítico, o templo de Oxum, em Osogbo, onde ainda se cultua o orixá Oxum.

Os iyêiyê, aves míticas ligadas aos ancestrais femininos, são lembrados também nos cânticos e de forma especial nas louvações dedicadas a Oxum – ora Iyêiyê ô – saudando uma das mais prestigiosas e muitas vezes temida, mãe ancestral. Dela também se diz ser a grande  feiticeira.

E mais um cântico ecoa.....

Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà                   Ibá iawó(cabaça contendo tecidos,roupas.alimentos e
                                                                  pertences
da noiva) é para Oxum no dia do seu casamento.

Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà                   

Àwá sin e ki igbá  réwà réwà                   Nós cultuamos a formosa noiva que recebeu linda cabaça de                                                                     casamento. presente de casamento.Oxum estava linda no dia do seu

Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà                 

O  Ibá Iaô, a cabaça da noiva, pode também aludir a um outro tipo de aliança ou de compromisso. Como as noivas de hoje  e de antigamente, os Iaôs, quando de sua iniciação preparam seu enxoval , recebendo também presentes dos mais próximos de sua futura família mítica, para que este possa brilhar no dia da cerimônia do enlace ou da sua iniciação.

Lentamente a senhora dos rios, despede-se dos convidados, e outros acordes  são executados para saudar Obá,
As Ekejis certificam-se de que Oxum não esteja mais presente na sala.

Os convivas de Obaladô estão radiantes,seguindo a cadencia dos ilús, uma batida mais forte do run, vem ela Oba a Yabá guerreira, a grande caçadora das florestas. Ao compaço do som suavemente retira a adaga presa o ao busto, colocando em seu lugar o ofá. Elegantemente com a adaga em punho avança graciosamente e começa seu bailado cadenciado ao cântico de.....

Obá  e’léékò  àjà òsì                                      Obá da sociedade Elekó,guardiã da esquerda.
Àjàgbà e’léékó àjà òsì                                   Anciã,guardiã da esquerda na sociedade Elekó.
Orò awo mò gbo Oba                                      O ritual do mistério é entendido e ouvido por Obá. 
Àjàgbà e’lééko àjà òsì                                   Anciã,guardiã da esquerda na sociedade Elekó.

O Cântico fala da sociedade Elekó, informando que Obá é sua suprema guardiã. Pouco se sabe desta sociedade secreta de mulheres no Brasil, “se bem que seu título principal de Ìyà-Egbé é o que ostenta a chefe da comunidade nos ‘terreiros’Lésé Egún. Por outro lado, Oba representação coletivas dos ancestres femininos,venerados nesta sociedade,é cultuada nos  ‘terreiros’ Lese Òrìsà.

Terminado este primeiro cântico, relembrando o papel de guardiã dos segredos da sociedade Elekó, Obá retoma o seu Ofá guardado no atacã e, com um gesto incisivo, solicita o escudo, que ela confiara a um dos presentes.

Um novo ritmo laudatório se aproxima saudando a guerreira das florestas, através de passos rápidos, numa caçada, onde numa das mãos, exibe o arco e flecha, mostrando destreza daquela que se rivaliza, no ofício, com o maior dos caçadores, Oxossi.
12
Ìtí  wéré                                                         Do trono de madeira rapidamente ela constrói

Ofà  e                                                     seu arco e flechas que saem serpenteando.



Pó` pò                                                        Soando como um tambor abafado, o Ofá

Fà de wá, ni                                                  chegou até nós.

Pò pò pò                                                        Soando como um tambor abafado,

Ele    o !!                                                   A proprietária o perdeu.



Ìya ele    o                                                 (Quando) A mãe está enfraquecida.

Obà  e’léékò  délé                                          Obá da sociedade Elekô, volta para casa,

Obà  Sábà  o                                                 faz adivinhação, prepara uma armadilha e

Obà ó dìbò ké ré                                            volta a sair.



E bárin  è                                                  E vai  em direção ( à casa )

Ó dìbò                                                     Faz adivinhação, prepara armadilha e volta a sair.


Obá é rápida como a sua flecha. Dela é dito ser uma caçadora ta eficiente, e talvez melhor, que a maioria dos caçadores. Foi por isso que teve o respeito de Oxossi, o grande caçador. Dizem que foi ele quem ensinou a ela esta arte, e ela aprendeu com maestria. Oba é obsessiva, e seu instinto guerreiro sempre a faz pelejar. Porém, quando sente que as forças acabam, volta para casa ( floresta ), recupera-se e retorna rapidamente. A casa é o lugar da magia, da consulta a Ifá, deus da adivinhação. E é disto que falam os cânticos acima.

Terminada a homenagem a grande guerreira, a mesma despede-se de todos com ar imponente.
Uma pausa se faz no Ilê de Obaladô......

O toque dos atabaques anuncia que todos devem retornar ao barracão. O ritmo do Igbin anuncia aos presentes que Oxalá se faz presente nas celebrações de Xangô, e que o final da festa está para chegar.

O canto explode com um entusiasmo muito especial. A melodia de rara beleza ecoa por todo o terreiro e é cantada com muita emoção por todos.Os versos dirigidos ao Pai-da-criação chega a ser quase uma súplica.

Oní sé a àwúre  a nlá                                             Senhor que faz com que tenhamos boa sorte

Oní sé a àwúre ó bèrì  omon                                    e com que sejamos grandes.

Oní sé a àwúre                                                          Senhor que nos dá o encantamento da boa sorte

Anlá    Bàbá                                                                       cumprimenta os filhos.

Oní sé a àwúre ó bèrì  omon                                 Pai,Senhor que nos dá boa sorte e nos torna grande.


O Orixá do branco e da calma está presente, lembrando a todos a importância de serem tão grandes quanto ele nos atos, tão calmos, porém dignos e conscientes de seus direitos e obrigações.

Agora quem dança majestoso,tranqüilo e de porte altivo é Oxaguiã,o mais novo e guerreiro dos Orixás Funfun, empunhando uma espada evolui em passos firmes e cadenciados. Segundo antigas lendas, ele faz parte da trilogia dos Orixás guerreiros juntamente com  Ogunjá e Iemanjá-Ogunté.

Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!  Ajagùnnòn                 Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra, Ajagunan

Elémòsó, Bàbá Òssóòginyón                                   Senhor dos lindos ornamentos,Pai Oxaguiã

Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!                                      Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra.

Elémòsó ,Bàbá olóroògùn                                       Pai das guerras ( guerreiro ), Senhor de Elemesó,

Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!                                      nos acuda nos socorra.

O povo ioruba o relaciona como um dos filhos de Odudua que, a partir de Ifé,povoam o mundo, e assim funda a cidade de Elejigbo,sendo este considerado seu primeiro Obá ou Rei.

É hora da partida, as exclamações de Exeuê babá são pronunciadas com entusiasmo ao rei da benevolência. Todos solicitam a sua boa vontade. Seu afeto e imprescindível, e mais do que isso, sua estima, para que possa nos envolver com a ternura do seu abraço e a proteção de sua espada que ampara e luta ao nosso lado.

O dia amanhece, os primeiros raios de sol acordam a natureza. Ouvem-se os primeiros cantos dos pássaros que também anunciam a presença de um novo dia.

À calma e tranqüilidade no Ilê de Obaladô.....

Escute o Xirê de Xangô parte 3/3 Final da Roda:



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15 comentários:

  1. Respostas
    1. Parabéns a quem, generosamente, torna disponível o tão valoroso e sagrado trabalho realizado por José Flávio Pessoa de Barros. Asè!

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  2. eu queria baixaras cantigas tem como?

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    Respostas
    1. da uma procurado no youtube que você irá encontrar 1000 maneiras. Sorte axé!

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    2. Venho agradecer pelo compartilhamento com todos nós das suas pesquisas relativas a tradução e significação dos cânticos sacros.
      Realmente está de parabéns.
      Muito obrigado.
      Axé.

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  3. Respostas
    1. Motumba! É fundamental citar quem realizou esse primoroso trabalho que nos foi deixado, por Amor, como herança: JOSÉ FLÁVIO PESSOA DE BARROS, autor do livro e fundador do Ilè Asè Omim. A voz feminina que evoca o responsório é de Lucinha, Yalè. Asè!

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  4. Lindo. Parabens pelo maravilhoso trabalho

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  5. Maravilhoso trabalho, esclarecedor...Muitos de nós, cantamos sem saber a tradução...

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  6. Alguém sabe dizer se essas cantigas foram gravadas por brasileiros? Se sim, quem são? Obrigado.

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    Respostas
    1. A autoria é de José Flávio Pessoa de Barros, quem traduziu.

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    2. Motumba! É fundamental citar quem realizou esse primoroso trabalho que nos foi deixado, por Amor, como herança: JOSÉ FLÁVIO PESSOA DE BARROS, autor do livro e fundador do Ilè Asè Omim. A voz feminina que evoca o responsório é de Lucinha, Yalè. Asè!

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  7. a terceira parte, não tem a tradução escrita?

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    Respostas
    1. No trabalho não, mas dá pra achar as cantigas izoladamentes traduziadas. sorte axé

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  8. Esse site é maravilhosooooooo, eu amo demais, aprendo muito aqui, não deixem esse site acabar.

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