Oxum com a Dança do Amor traz Ogum de volta

Postado por: Ebomi at 11:21 4 Comentarios
Conta a lenda que o Orixá Oxum com a dança do amor consegue seduzir Ogum, e traze-lo de volta da floresta e traz de volta à forja a cidade, com a fartura e o axé.

Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na forja para sempre.
Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão.

Queria voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes.
Ogum achava-se muito poderoso, sentia que nenhum orixá poderia obrigá-lo a fazer o que não quisesse. Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a floresta, abandonando tudo.

Logo que os orixás souberam da fuga de Ogum, foram a seu encalço para convencê-lo a voltar à cidade e à forja, pois ninguém pôdia ficar sem os artigos de ferro de Ogum, as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas.

orixa Oxum e Orixa Ogum - Osun seduz o guerreiro de volta a cidade

Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato. Simplesmente os enxotava da floresta com violência.

Todos lá foram, menos Xangô.
E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, o mundo começou a ir mal.
Sem instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e a humanidade já passava fome.

Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembleia dos orixás e ofereceu-se a convencer Ogum a voltar à forja.

Era Oxum a bela e jovem voluntária.


Os outros orixás escarneceram dela, tão jovem, tão bela, tão frágil.
Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machucá-la, até matá-la.

Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes de que os demais nem suspeitavam.
Obatalá, que tudo escutava mudo, levantou a mão e impôs silêncio.
Oxum o convencera, ela podia ir à floresta e tentar.

Assim, Oxum entrou no mato e se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar. Usava ela tão-somente cinco lenços transparentes presos à cintura em laços, como esvoaçante saia.

Os cabelos soltos, os pés descalços, Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador.

Ogum foi imediatamente atraído, irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa, mas se manteve distante.

Ficou à espreita atrás dos arbustos, absorto.
De lá admirava Oxum embevecido.

Oxum o via, mas fazia de conta que não.
O tempo todo ela dançava e se aproximava dele mas fingia sempre que não dera por sua presença.

A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços da cintura, deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum. Ela dançava, o enlouquecia.

Dele se aproximava e com seus dedos sedutores lambuzava de mel os lábios de Ogum.
Ele estava como que em transe.

E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade.

Mais dança, mais mel, mais sedução, Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina.
Ela ia na frente, ele a acompanhava inebriado, louco de tesão.

Quando Ogum se deu conta, eis que se encontravam ambos na praça da cidade.
Os orixás todos estavam lá e aclamavam o casal em sua dança de amor.

Ogum estava na cidade, Ogum voltara!


Temendo ser tomado como fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita, Ogum deu a entender que voltara por gosto e vontade própria.

E nunca mais abandonaria a cidade.
E nunca mais abandonaria sua forja.
E os orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum.

Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas; e a fartura baniu a fome e espantou a morte.

Oxum salvara a humanidade com sua dança de amor.


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